São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2011

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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA

Estreia de Abel Rocha coloca OSM no caminho da ópera

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

Primeiro, a alegria que exulta a força da arte; depois, cantos outonais a antecipar a morte; e, por fim, uma devoção religiosa leve e juvenil.
Afetos como esses marcam as obras de Wagner (1813-1883), Richard Strauss (1864-1949) e Puccini (1858-1924) apresentadas no concerto inaugural do maestro Abel Rocha como regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, no último domingo, na Sala São Paulo.
A abertura de "Os Mestres Cantores de Nuremberg" (1868), de Wagner, parece ter trazido energia nova para a orquestra.
Foi uma versão fluente, transparente nas relações entre os naipes, e que levou em conta a força dramática da ópera, como se a história de Walther e Hans Sachs fosse de fato começar.
Richard Strauss escreveu as "Quatro Últimas Canções" para soprano e orquestra a partir de poemas de Hesse (1877-1962) e Eichendorff (1788-1857) em 1948, ano que antecedeu sua morte.
A linda voz da solista Eiko Senda projetava bem os agudos mas nem tanto os graves, e em "Beim Schlafengehen" (indo dormir) a própria orquestra poderia mergulhar em um espaço sonoro mais apertado, tal como o solo de violino a completar os silêncios da noite.
Com participação do Coral Lírico -que voltou à Sala São Paulo uma semana após abrilhantar a abertura da temporada da Osesp-, o programa encerrou com a "Messa di Gloria", que Puccini compôs aos 21 anos.
Ótimas performances dos solistas Miguel Geraldi (destaque para a entrada no "Gratias Agimus Tibi"), Sávio Sperandio e Leonardo Neiva.
Enquanto o Teatro Municipal permanece fechado, Abel Rocha encaminha o resgate da vocação operística dos corpos estáveis.
Um passo foi dado e outro anunciado: a primeira ópera da nova fase da OSM -"I Pagliacci", de Ruggero Leoncavallo- será apresentada na Virada Cultural municipal, usando as ruas do centro de São Paulo como cenário.

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL

AVALIAÇÃO bom


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