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LITERATURA
Autor de "Noites Violentas no Brooklyn", escritor morreu na segunda, em conseqüência de doença pulmonar
De estilo enxuto, Selby Jr. descreveu EUA aterrador
DO "NEW YORK TIMES"
Morreu na última segunda-feira em Los Angeles, aos 75, Hubert
Selby Jr., antigo marinheiro da
Marinha Mercante que nasceu no
Brooklyn, tornou-se dependente
de drogas, passou a escrever depois de escapar da morte e acabou
por criar uma visão duradoura do
inferno em seu romance "Noites
Violentas no Brooklyn".
A causa da morte foi uma doença pulmonar crônica, informou o
filho, Bill Selby, segundo quem a
morte do pai foi conseqüência de
longo prazo da tuberculose que
este contraiu quando foi marinheiro na Segunda Guerra.
Selby não tinha estudos formais
e desdenhava a ordem rígida imposta por pontuação e trama. Seu
estilo de escrever era direto e enxuto. Mas o que mais marcava seu
trabalho eram o desespero e a solidão avassaladores que descreveu
em termos tão chocantes que alguns de seus escritos foram proibidos por algum tempo nos EUA
e, mais tarde, na Inglaterra, vistos
como obscenos. Selby dizia não
entender a razão dessas reações.
"Descrevo como as pessoas
são", disse ele em 1988, referindo-se às curras, aos espancamentos
brutais e às inúmeras perversidades descritas em "Noites Violentas". "Esses não são personagens
literários -são pessoas reais. Eu
conheci essas pessoas. Como pode alguém olhar dentro de si e
surpreender-se com o ódio e a
violência do mundo? Eles estão
dentro de todos nós."
O livro descreve o submundo
decadente do bairro portuário de
Red Hook, na década de 50. A
área é descrita como uma terra
devastada, habitada por gangues,
prostitutas e travestis. Quando o
livro foi publicado, em 64, sua linguagem repulsiva e imagens aterradoras o tornaram difícil tanto
de ser aceito quanto rejeitado.
Hubert Selby Jr. nasceu em 27
de julho de 1928, no Brooklyn
(Nova York), filho de Adalin e
Hubert Selby, este mineiro de carvão do Kentucky que serviu na
Marinha Mercante por vários
anos, até o nascimento do filho.
Durante a Segunda Guerra,
Selby, pai, voltou à Marinha Mercante. Seu filho, apesar de ainda
ser menor de idade, convenceu os
recrutadores de que tinha idade
suficiente para ingressar na Marinha. Enquanto trabalhou nela,
contraiu tuberculose. Após se
submeter a uma cirurgia radical e
passar mais de um ano internado,
os médicos não lhe previram
qualquer chance de recuperação.
Selby se recuperou da doença,
mas se tornou dependente da
morfina que lhe fora administrada no hospital. E começou a beber. Sem outras perspectivas na
vida, decidiu tentar escrever, embora tenha dito, certa vez, que
nunca lera nada até ser adulto.
Enquanto escrevia os contos que
formam "Noites Violentas no
Brooklyn", trabalhou como analista de seguros em Manhattan.
Apesar de seu tom árido e intransigente, a mensagem subjacente do livro, de redenção através da autodestruição, encontrou
eco nos EUA, prestes a ingressar
nos radicais anos 60.
Selby superou as dependências
químicas e mudou-se para a Costa Oeste do país, onde escreveu
vários outros livros, incluindo
"Réquiem por um Sonho". Hubert Selby Jr. se casou três vezes.
Ele deixa mulher e quatro filhos.
Tradução Clara Allain
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