São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW/CRÍTICA

Burocrático, Placebo toca seus hits

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Não que tenha sido ruim, mas esperava-se mais do Placebo, trio britânico que se apresentou pela primeira vez em São Paulo, na madrugada de ontem, no Credicard Hall.
Placebo é banda das mais admiradas/idolatradas/imitadas no circuito roqueiro do Brasil.
Esperava-se mais porque 1) esta turnê, que termina hoje no Rio de Janeiro, é a primeira pelo país deste grupo que já lançou quatro álbuns; 2) o grupo assumiu que veio não para mostrar ao público canções novas, mas para relembrar os hits, que estão na recente compilação "Once More with Feeling".
Ou seja: o Placebo tocou para um público (de 5.600 pessoas) já ganho, sedento para ouvir e cantar junto seus hits -via-se na platéia dezenas de fãs maquiados, à semelhança do ídolo, o andrógino vocalista Brian Molko.
Mas, na 1h20 de show, iniciado pontualmente à 0h, o trio mostrou-se burocrático, e a quase apatia foi passada para o público. Banda dona de singles como "Nancy Boy", "Pure Morning", "Every You Every Me", era quase obrigação fazer o Credicard Hall "cair", mas, tirando alguma gritaria dos fãs mais ardorosos, não foi isso o que aconteceu.
O trio teve que se utilizar de batidos truques para obter reações mais acaloradas, principalmente por meio do baixista Stefan Olsdal, que levantava os braços, iniciava palmas, fazia acrobacias com o baixo... O vocalista Brian Molko pouco falou.
Ao tirar o pó de muitas de suas canções, o trio resolveu mostrá-las com toques diferentes; "Every You Every Me" veio mais rápida, até com mais groove; já "Without You I'm Nothing" apareceu lenta.
Músicas como "Special K" e "Special Needs", bem glam, que ainda soam atuais, lembram por que o Placebo exerceu tamanha influência em um monte de adolescente nos anos 90. Mas mostram também que o tempo da banda já passou.
No show de São Paulo isso ficou escancarado: hoje, com Franz Ferdinand, LCD Soundsystem, White Stripes, Queens of the Stone Age e um monte de outras bandas, não há mais lugar para um grupo que, mais do que estar velho, se sente velho, desestimulado, sem ter o que dizer.
Neste 2005, o Placebo não fará mais shows, afirmou o próprio trio, que deve se preparar para gravar e lançar álbum no ano que vem. Talvez voltem com mais ânimo. Fora isso, os pedidos de "toca Placebo" nas festas rock de São Paulo devem diminuir bastante.


Placebo
  
Onde: Claro Hall (av. Ayrton Senna, 3.000, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro)
Quando: hoje, a partir das 21h
Quanto: de R$ 60 a R$ 160


Texto Anterior: Popload: Rock e sexo
Próximo Texto: CDs - Instrumental: Gravadora inglesa descobre disco inédito de João Donato
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.