|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SHOW/CRÍTICA
Burocrático, Placebo toca seus hits
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não que tenha sido ruim, mas
esperava-se mais do Placebo, trio britânico que se apresentou pela primeira vez em São Paulo, na madrugada de ontem, no
Credicard Hall.
Placebo é banda das mais admiradas/idolatradas/imitadas no
circuito roqueiro do Brasil.
Esperava-se mais porque 1) esta
turnê, que termina hoje no Rio de
Janeiro, é a primeira pelo país
deste grupo que já lançou quatro
álbuns; 2) o grupo assumiu que
veio não para mostrar ao público
canções novas, mas para relembrar os hits, que estão na recente
compilação "Once More with
Feeling".
Ou seja: o Placebo tocou para
um público (de 5.600 pessoas) já
ganho, sedento para ouvir e cantar junto seus hits -via-se na platéia dezenas de fãs maquiados, à
semelhança do ídolo, o andrógino
vocalista Brian Molko.
Mas, na 1h20 de show, iniciado
pontualmente à 0h, o trio mostrou-se burocrático, e a quase
apatia foi passada para o público.
Banda dona de singles como
"Nancy Boy", "Pure Morning",
"Every You Every Me", era quase
obrigação fazer o Credicard Hall
"cair", mas, tirando alguma gritaria dos fãs mais ardorosos, não foi
isso o que aconteceu.
O trio teve que se utilizar de batidos truques para obter reações
mais acaloradas, principalmente
por meio do baixista Stefan Olsdal, que levantava os braços, iniciava palmas, fazia acrobacias
com o baixo... O vocalista Brian
Molko pouco falou.
Ao tirar o pó de muitas de suas
canções, o trio resolveu mostrá-las com toques diferentes; "Every
You Every Me" veio mais rápida,
até com mais groove; já "Without
You I'm Nothing" apareceu lenta.
Músicas como "Special K" e
"Special Needs", bem glam, que
ainda soam atuais, lembram por
que o Placebo exerceu tamanha
influência em um monte de adolescente nos anos 90. Mas mostram também que o tempo da
banda já passou.
No show de São Paulo isso ficou
escancarado: hoje, com Franz
Ferdinand, LCD Soundsystem,
White Stripes, Queens of the Stone Age e um monte de outras bandas, não há mais lugar para um
grupo que, mais do que estar velho, se sente velho, desestimulado, sem ter o que dizer.
Neste 2005, o Placebo não fará
mais shows, afirmou o próprio
trio, que deve se preparar para
gravar e lançar álbum no ano que
vem. Talvez voltem com mais ânimo. Fora isso, os pedidos de "toca
Placebo" nas festas rock de São
Paulo devem diminuir bastante.
Placebo
Onde: Claro Hall (av. Ayrton Senna,
3.000, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro)
Quando: hoje, a partir das 21h
Quanto: de R$ 60 a R$ 160
Texto Anterior: Popload: Rock e sexo Próximo Texto: CDs - Instrumental: Gravadora inglesa descobre disco inédito de João Donato Índice
|