São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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Nova Orleans abre festival controverso

Moradores questionam número de bandas e músicos de outros estilos no tradicional evento de jazz da cidade

Artistas locais, como Irma Thomas, temem ser vaiados antes de shows pop, como os de Bon Jovi e Jason Mraz

CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

Começa hoje, em Nova Orleans, no sul dos Estados Unidos, a 42ª edição do Jazz & Heritage Festival.
Um dos maiores do mundo no gênero, o evento oferece, neste e no próximo fim de semana, mais de 400 atrações em 12 palcos com programação simultânea. A expectativa dos produtores é reunir as maiores multidões já vistas no hipódromo local, que chegou a atrair 500 mil pessoas, em edições da década passada. Para isso, contam com um elenco eclético, como de hábito, mas que nunca antes exibiu um número tão grande de bandas de rock e pop.
Nomes como os de Bon Jovi, Robert Plant, The Strokes, Arcade Fire, Wyclef Jean, Wilco, Jason Mraz, Lauryn Hill, Mumford & Sons e Jeff Beck, entre outros, estão entre as apostas da produção para conquistar novos contingentes de público que ainda não frequentam esse evento.
Desde que foi divulgada, em janeiro, a programação tem gerado grandes discussões. Embora seja um evento fundamental para a economia da cidade, devastada pelo furacão Katrina, em 2005, o Jazz Fest (como é chamado pelos moradores da cidade) é também considerado peça-chave para a identidade cultural da região.
Não é por outra razão que, todos os anos, astros da eclética cena musical local, como Neville Brothers, Dr. John, Allen Toussaint, Terence Blanchard, Tab Benoit, Galactic, Trombone Shorty e Nicholas Payton, entre centenas de outros, disputam as maiores plateias do evento com as atrações de fora.

SANGUE NOVO
O acirramento da polêmica sobre o espaço dado ao rock e ao pop é evidente na entrevista de Irma Thomas (conhecida como a "rainha do soul de Nova Orleans") à revista "OffBeat", especializada no gênero.
Escalada para cantar antes do show de Bon Jovi, ela corre o risco de ser vaiada por fãs da banda, como aconteceu com Dr. John em 2009. "Espero que não cometam esse erro comigo", disse a cantora. "Vou estar bem tranquila, mas eles vão se arrepender se fizerem isso. Vaia é uma coisa estúpida."
Favorável ao aumento das atrações de pop e rock, para renovar o público do evento, o crítico Keith Spera, do jornal local "The Times-Picayune", escreveu: "Para se manterem vitais, festivais requerem sangue novo. Em 2011, o Jazz Fest receitou a si mesmo uma transfusão completa".
"Eu gostaria de saber quanto a AEG pagou à Spera por esse artigo", retrucou um leitor, referindo-se à empresa internacional de entretenimento que se associou à produção do Jazz & Heritage Festival, há sete anos, e também produz grandes eventos de rock e pop.

O jornalista CARLOS CALADO se hospedou a convite Jazz & Heritage Festival.


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