São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

cinema

Brasileira filma jornada de atrizes em Bollywood

Diretora Beatriz Seigner realizou primeira coprodução entre Brasil e Índia com um orçamento de R$ 62,5 mil

Paulistana contou com apoio logístico de produtoras locais e enfrentou divergências estéticas com equipe

RAFAEL BALSEMÃO
DE SÃO PAULO

"Pronto: agora o rebento é do mundo." Foi com essa frase, postada no Facebook após exibição para convidados de "Bollywood Dreams -°O Sonho de Bollywood", que a paulistana Beatriz Seigner, 26, deixou os festivais para acompanhar, no circuito comercial, a repercussão e a bilheteria de seu primeiro longa.
O filme, a primeira coprodução Brasil-Índia, segue três atrizes brasileiras que decidem largar a vida no Brasil para tentar a sorte na tal Hollywood indiana.
O longa de Seigner saiu por US$ 40 mil (R$ 62,5 mil). A cineasta teve apoio das produtoras indianas Rattapallax Films e Prasad Studios. A contrapartida: 30% do lucro que o filme obtiver.
Para pagar passagens internacionais, alimentação e outras despesas, como aluguéis de equipamento e alguns salários, a paulistana foi ao banco e tomou emprestados US$ 20 mil.
Na Índia, a maior dificuldade da diretora foi com sua primeira equipe. "Eles estavam acostumados a trabalhar com cinema enlatado, bem industrial, e eu queria improvisar, fazer jazz."
Começavam as divergências estéticas. "Eles queriam glamorizar, com vento nos cabelos das atrizes. Eu queria a estética do neo-realismo." Seigner trocou toda a equipe por quatro assistentes mais flexíveis. Nas cenas de maior demanda, pedia reforço.
De volta ao Brasil com cerca de 90 horas filmadas, a diretora viu sua dívida inicial dobrar com as despesas de pós-produção. "Só não ficou muito mais caro porque eu tinha em mãos um filme que podia mostrar, e, assim, consegui vários apoios."

CINEMA-RELIGIÃO
A relação de Seigner com o cinema começou em casa. "Sempre foi religioso ir todos os sábados ao cinema e, nos domingos, ao teatro."
Em 2003, quando acabou o ensino médio, foi morar na Índia, onde se aperfeiçoou em Odissi, estilo de dança clássica indiana, e até trabalhou em um hospital. "Já tinha vontade de pesquisar o país e fazer um filme que unisse Brasil e Índia, mas não tinha ainda nenhum recorte específico para isso."
Ele surgiu em 2006, durante conversa com amigos atores, que perguntavam, curiosos, sobre trabalho em Bollywood. Desde 2007, deixou em segundo plano suas outras atividades, como a faculdade de Filosofia na USP, para se dedicar ao filme.
O resultado da empreitada aporta hoje em 23 salas de 11 cidades do país.


Texto Anterior: Última Moda - Vivian Whiteman: Inferno astral
Próximo Texto: Crítica/Comédia: Em busca de um trabalho, jovens encontram a espiritualidade
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.