DA REPORTAGEM LOCAL

Clara Santos vive pressionada por todos os lados.
Trancada em seu apartamento classe média, ela se debate entre a imposição de ter um corpo escultural e a exigência de acompanhar os avanços tecnológicos da informática -embora deteste tudo isso. De quebra, busca no esoterismo a resposta para suas inquietações.
A atualidade desses três temas está retratada em "Você Vai Ser o que Você Quer Ser", peça de Luiza Jorge que será lida hoje, às 19h30, na Folha, pelos atores Eloisa Elena, Jamil Dias e Marcos Teixeira, com direção da autora.
Clara, a protagonista da trama, parece ter resolvido seus problemas quando descobre o "aeroesoterismo", a síntese de malhação e espiritualidade. O título surge do mantra entoado na prática.
"É comédia, mas a idéia é tratar de temas que fazem parte do cotidiano das pessoas. Conforme sua vivência, a pessoa vai se tocar de forma mais divertida ou até mesmo dramática", diz Luiza Jorge.
O alvo do humor e da crítica, segundo a autora, é a pressão que os padrões estéticos e de consumo exercem sobre os indivíduos. "Hoje, fazer plástica e dizer quantos mililitros de silicone você pôs nos seios virou sinal de status."
O estado de isolamento da personagem de Clara só não é mais desolador porque ela é observada por um vizinho e mantém contato com o zelador do seu edifício. Mesmo assim, esse contato só acontece pelo interfone.
"Nesse contexto, a tecnologia dá a ilusão de comunicação. Mas você passa a conviver só com máquinas, evitando o convívio social", teoriza a autora.
Para enriquecer o debate sobre os temas que levanta, Luiza Jorge organizou um bate-papo que vai acontecer depois da leitura.
Participam da conversa Margareth de Mello Ferreira dos Reis, psicóloga e terapeuta sexual; Sergio Bairon, professor de comunicação e semiótica da PUC-SP; e Daniel Castro, colunista de TV da Folha. A mediação será feita por Oswaldo Mendes, autor teatral, diretor e ator.