São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2001

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COLÓQUIO

Coletânea lançada em dezembro do ano passado foi tema de debate

Encontro disseca o povo brasileiro

DA REPORTAGEM LOCAL

O livro "Para Entender o Brasil", coletânea de ensaios que busca revelar um pouco a identidade do povo brasileiro, lançado em dezembro de 2000, provocou recentemente um encontro de alguns de seus autores em evento promovido pela Folha e pela editora Alegro.
Participaram do colóquio o escritor Zuenir Ventura, o empresário José Mindlin e o jornalista Juca Kfouri, que escreveram ensaios para a obra.
O organizador do livro, o escritor Luiz Antonio Aguiar, também esteve presente. Na abertura do evento, realizado no auditório da Folha, Aguiar explicou o projeto que juntou textos de figuras desde o rapper Gabriel, o Pensador, até o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, que escreveu seu artigo aos 103 anos, um mês antes de morrer, em julho do ano passado.
"Todo o processo desde o momento em que a gente começou a pensar esse livro, até sua coordenação e confecção, nos ensinou muitas coisas. Como o texto de Zuenir Ventura, em que aprendemos como é importante reconhecer essa sabedoria espontânea que existe nas camadas populares que, às vezes, chamamos de indolência."
Para o escritor Zuenir Ventura, um bom jeito para entender o Brasil está em sua ambivalência.
"Tem hora que você acha o país incrível, com gente maravilhosa. Por outro lado, ele o leva à depressão. Essa ciclotimia invade muito o imaginário de seu povo, o seu cotidiano e faz com que a gente fique muito à mercê de humores ou de visões cambiantes deste nosso país."
O jornalista Juca Kfouri começou sua explanação dizendo que não entende nada do Brasil e, por isso, vive perplexo o dia-a-dia deste país, levando as brigas que cada um, dentro de sua área de atividade, precisa levar.
"Na minha contribuição ao livro, eu falo desta coisa curiosa de que nós, quando nos referimos a nós mesmos, fazemos isso usando a terceira pessoa como se o negócio não fosse conosco: "Ah, o brasileiro é assim mesmo", "O brasileiro joga papel no chão"."
Claro, o futebol permeia a fala do jornalista. No final, Kfouri diz que quem não entender o que se passa no futebol, esporte tão arraigado na cultura, no cotidiano brasileiro, não vai entender o que se passa no país.



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