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MÚSICA/PATRIMÔNIO
Centro de referência disponibiliza 12 mil composições, entre elas a primeira gravação feita no país
Projeto restaura acervo histórico e raro
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Pesquisadores, fãs e curiosos sobre a história da música popular
brasileira ganharam, desde ontem, no Rio de Janeiro, um espaço
onde poderão encontrar preciosidades musicais sem precisar enfrentar a poeira dos sebos e lojas
de raridades.
O Instituto Moreira Salles disponibilizou gratuitamente um
acervo de 12 mil composições,
além de partituras e discos raríssimos, de compositores consagrados, como Chiquinha Gonzaga,
Pixinguinha e Ernesto Nazareth, e
outros desconhecidos que começaram a fazer música brasileira no
século 19.
Com patrocínio da Petrobras e
da Sarapuí Produções Artísticas,
o Centro Petrobras de Referência
da Música Brasileira nasceu de
um processo cuidadoso de restauração de discos antigos -algumas canções levaram dias para
serem recuperadas- do acervo
de colecionadores como Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão.
Com equipamentos modernos
-algumas agulhas tiveram que
ser importadas de produtores do
interior da Inglaterra-, foi possível digitalizar raridades como a
primeira gravação feita no Brasil,
há cem anos, do compositor Xisto
Bahia, que cantava o lundu (um
dos ritmos do século 19 precursores do samba) "Isto É Bom".
Franceschi estima que o acervo
disponibilizado para acesso nos
terminais de computadores do
instituto representa mais de um
terço de todas as gravações feitas
no início do século no Brasil. Os
coordenadores do projeto querem ampliar a coleção com a
aquisição de novas coleções e colocar o acervo disponível para
consultas na internet.
Boa parte do acervo veio de gravações feitas pela primeira gravadora do Brasil, a Casa Edison. Para comemorar a inauguração do
centro, foi lançado um livro de
Franceschi que conta a história da
gravadora. Junto com o livro, foram lançados 15 CDs, intitulados
"Memórias Musicais", com parte
do acervo disponível para consulta no Instituto Moreira Salles.
Alguns CDs, que serão colocados à venda nas lojas e no instituto (ainda não há preço definido),
têm composições raríssimas, como uma gravação de 1919 de "Rosa", de Pixinguinha, ainda sem a
letra de Otávio de Souza.
Desconhecidos
As gravações mais antigas desses CDs são do ano de 1902, feitas
pela banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, regida por
Anacleto de Medeiros. Há também gravações de 1910 do grupo
Choro Carioca, no qual Pixinguinha estreou tocando flauta aos 14
anos.
Também serão lançados outros
15 CDs que ajudam a contar a história do choro no Brasil, intitulados "Princípios do Choro", com
gravações atuais de composições
de autores conhecidos e outros
dos quais nunca se tinha ouvido
falar. O músico Maurício Carrilho, diretor artístico da Acari Records -gravadora especializada
em choro que participou do projeto-, afirma que se surpreendeu
com a quantidade de compositores de qualidade, desconhecidos
até mesmo dos maiores pesquisadores do ritmo.
A Petrobras foi a empresa que
mais investiu no projeto, que teve
custo de R$ 5 milhões para a empresa. Segundo Antônio Franceschi, diretor-superintendente do
Instituto Moreira Salles, o instituto gastou cerca de R$ 2 milhões.
Kati Almeida Braga, da Sarapuí
(da qual a gravadora Biscoito Fino faz parte), diz ainda não ter feito levantamento do custo total do
projeto para a empresa.
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