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ARTES CÊNICAS
Na 3ª edição internacional, evento elege utopia como tema e traz projetos latino-americanos e europeus
Rio Preto navega pelo eixo político do teatro
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O discurso político impregnado
nas artes cênicas ocupa boa parte
da programação da próxima edição do Festival Internacional de
Teatro de São José do Rio Preto,
no interior paulista, de 17 a 27/6.
A começar pela palavra-chave
deste ano: utopia. O curador Ricardo Muniz Fernandes, 43, bebe
na fonte da palavra grega que expressa o não-lugar- a ilha perseguida pelo gigante Pantagruel ou
evocada por Thomas Morus-
para espelhar a nova ordem política brasileira. "Quando Lula chega ao poder, o país retoma a idéia de utopia que está, por exemplo,
no discurso de integração dos povos latino-americanos", diz.
Daí a guinada do festival para o
continente, como vem fazendo
nos últimos anos o Festival Internacional de Londrina, o Filo.
Para o segmento "Novos Mundos, Outros Lugares", Rio Preto
convidou o grupo argentino El
Periferico de Objetos, que traz "La
Última Noche de la Humanidad",
espetáculo no qual atores e bonecos narram passagens de guerra e
morte; e o equatoriano Malayerba, com "Nuestra Señora de Las
Nubes", sobre os moradores de
um povoado submetidos às dores
e delícias da existência.
Em "Sistema de Trocas", a curadoria investe em projetos de intercâmbio com a encenadora francesa Lea Dante e o polonês
Leszek Madzik, que apresentarão
espetáculos com elencos brasileiros. A coreógrafa Renata Melo, o
compositor Lívio Tragtenberg e a
diretora Cristiane Paoli-Quito
criarão a partir de oficinas.
O segmento "lugarNenhum"
ocupará um complexo de prédios
de uma antiga fábrica.
Rio Preto acompanhará minifestivais dos grupos Teatro da
Vertigem e Cemitério de Automóveis, de São Paulo. O primeiro,
dirigido por Antônio Araújo, levará sua trilogia bíblica a respectivos espaços não convencionais da cidade: igreja ("O Paraíso Perdido"), hospital ("O Livro de Jó") e presídio ("Apocalipse 1,11"). O
Cemitério, do diretor Mário Bortolotto, ganhou um teatro, o Seta,
no qual mostrará quatro peças do
repertório, entre elas "Nossa Vida
Não Vale um Chevrolet" e "Felizes para Sempre".
Também foram selecionados
para o festival 26 espetáculos entre os 277 inscritos de 16 Estados.
São grupos como Lume, de Campinas ("Café com Queijo"); cia.
Brasileira de Teatro, de Curitiba
("Volta ao Dia em 80 Mundos",
melhor espetáculo do Fringe 2003
em Curitiba, segundo a Folha) e
Folias d'Arte, de SP ("Babilônia").
Segundo o secretário da Cultura
de Rio Preto, Ruy Sampaio, a edição deste ano está orçada em R$
860 mil, bancados principalmente
pela prefeitura, Sesc-SP e Secretaria da Cultura do Estado.
"A nossa luta é fazer com que o
festival seja abraçado efetivamente pela cidade. Por isso a ênfase
nas ruas e nos espaços não convencionais", diz Sampaio, 41.
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