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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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ARTES CÊNICAS

Na 3ª edição internacional, evento elege utopia como tema e traz projetos latino-americanos e europeus

Rio Preto navega pelo eixo político do teatro

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso político impregnado nas artes cênicas ocupa boa parte da programação da próxima edição do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, no interior paulista, de 17 a 27/6.
A começar pela palavra-chave deste ano: utopia. O curador Ricardo Muniz Fernandes, 43, bebe na fonte da palavra grega que expressa o não-lugar- a ilha perseguida pelo gigante Pantagruel ou evocada por Thomas Morus- para espelhar a nova ordem política brasileira. "Quando Lula chega ao poder, o país retoma a idéia de utopia que está, por exemplo, no discurso de integração dos povos latino-americanos", diz.
Daí a guinada do festival para o continente, como vem fazendo nos últimos anos o Festival Internacional de Londrina, o Filo.
Para o segmento "Novos Mundos, Outros Lugares", Rio Preto convidou o grupo argentino El Periferico de Objetos, que traz "La Última Noche de la Humanidad", espetáculo no qual atores e bonecos narram passagens de guerra e morte; e o equatoriano Malayerba, com "Nuestra Señora de Las Nubes", sobre os moradores de um povoado submetidos às dores e delícias da existência.
Em "Sistema de Trocas", a curadoria investe em projetos de intercâmbio com a encenadora francesa Lea Dante e o polonês Leszek Madzik, que apresentarão espetáculos com elencos brasileiros. A coreógrafa Renata Melo, o compositor Lívio Tragtenberg e a diretora Cristiane Paoli-Quito criarão a partir de oficinas.
O segmento "lugarNenhum" ocupará um complexo de prédios de uma antiga fábrica.
Rio Preto acompanhará minifestivais dos grupos Teatro da Vertigem e Cemitério de Automóveis, de São Paulo. O primeiro, dirigido por Antônio Araújo, levará sua trilogia bíblica a respectivos espaços não convencionais da cidade: igreja ("O Paraíso Perdido"), hospital ("O Livro de Jó") e presídio ("Apocalipse 1,11"). O Cemitério, do diretor Mário Bortolotto, ganhou um teatro, o Seta, no qual mostrará quatro peças do repertório, entre elas "Nossa Vida Não Vale um Chevrolet" e "Felizes para Sempre".
Também foram selecionados para o festival 26 espetáculos entre os 277 inscritos de 16 Estados. São grupos como Lume, de Campinas ("Café com Queijo"); cia. Brasileira de Teatro, de Curitiba ("Volta ao Dia em 80 Mundos", melhor espetáculo do Fringe 2003 em Curitiba, segundo a Folha) e Folias d'Arte, de SP ("Babilônia").
Segundo o secretário da Cultura de Rio Preto, Ruy Sampaio, a edição deste ano está orçada em R$ 860 mil, bancados principalmente pela prefeitura, Sesc-SP e Secretaria da Cultura do Estado.
"A nossa luta é fazer com que o festival seja abraçado efetivamente pela cidade. Por isso a ênfase nas ruas e nos espaços não convencionais", diz Sampaio, 41.


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