São Paulo, sexta-feira, 29 de maio de 2009

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Coreógrafo de Niterói dança hoje em Londres

Companhia de Bruno Beltrão é mais conhecida no exterior do que no Brasil

Brasileiro que se apresentou em Bruxelas, Paris e Berlim foi elogiado pelos mestres Mikhail Baryshnikov, Merce Cunningham e Pina Bausch


Rafael Andrade/Folha Imagem
O coreógrafo Bruno Beltrão, que se apresenta com sua companhia hoje em teatro de Londres

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde que o espetáculo "H3" estreou, há um ano, no Kunsten Festival des Arts, em Bruxelas, o Grupo de Rua de Niterói fez cerca de 40 apresentações, a maioria em palcos europeus de prestígio, foi visto por grandes nomes da dança e premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Uma trajetória bem-sucedida para a companhia comandada pelo coreógrafo fluminense Bruno Beltrão, 29, que esta noite volta a enfrentar um teste. Fundado em 1996 e hoje provavelmente a companhia brasileira mais atuante no circuito mais baladado da dança mundial, o grupo sobe ao palco do Sadler's Wells, em Londres, para a estreia na capital britânica.
"Londres é um destes lugares onde o artista sabe que terá uma ampla exposição de suas ideias e contato com um público especializado, o que é importante no crescimento de qualquer trabalho", disse Beltrão, de Montréal, onde participou do festival TransAmériques.
"Fomos ao Festival de Edimburgo em 2006 e foi o lugar onde mais tivemos críticas, porque tem uma cena muito dinâmica. Tenho certeza que em Londres iremos encontrar um cenário parecido."
Dançado por nove homens, "H3" dá continuidade à mistura particular do hip hop com dança contemporânea pesquisada por Beltrão.
O espetáculo esteve no Festival de Outono de Paris, participou do festival anual criado por Pina Bausch na Alemanha, onde Beltrão foi reverenciado pela coreógrafa, passou por Berlim e pelo festival holandês Springdance. Ainda contou com a presença de dois poderosos nomes em sua plateia, os coreógrafos William Forsythe, do Ballet de Frankfurt, e Anne Teresa De Keersmaeker, da belga Rosas.
Foi uma surpresa para um grupo que no ano passado só fez três apresentações no país -uma no Rio e duas em São Paulo- e cujos últimos dois espetáculos foram coproduzidos por festivais europeus, sem dinheiro brasileiro.
"Nunca tivemos um patrocínio brasileiro. Acho isso muito curioso. Temos circulação no Brasil graças a alguns festivais. Mas não gosto quando programadores, sob a desculpa de um orçamento apertado e dizendo que o Brasil não é a Europa, querem renegociar coisas fundamentais do espetáculo", diz Beltrão, que em 2009 só tem programadas para o Brasil duas apresentações no teatro do Sesi, em São Paulo, em julho.
Já a agenda internacional está cheia, com espetáculos no Festival de Montpellier, na França, em junho, e uma turnê por 13 cidades americanas em 2010, entre outros.


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