São Paulo, segunda, 29 de junho de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
Chuva de papel

HELOISA SEIXAS


Pegou o saco de plástico e levou-o à janela, apoiando-o no parapeito. Depois, mergulhou uma das mãos no saco e sentiu, sem olhar, o contato com o papel picado, centenas de quadradinhos que ela se dera ao trabalho de cortar, usando sempre revista, nunca jornal, para dar mais colorido e leveza. Sorriu. Trouxe na mão o primeiro punhado. Os vizinhos iam estranhar. Nem era dia de jogo. Mas queria assim. Que sua chuva de papel fosse única. E lá se foi. No ar, os pedacinhos coloridos ficaram flutuando por um instante e depois caíram, trêmulos. Pareciam lágrimas.



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