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CONTOS
MÍNIMOS
Chuva
de papel
HELOISA SEIXAS
Pegou o saco de plástico e
levou-o à janela, apoiando-o no parapeito. Depois,
mergulhou uma das mãos
no saco e sentiu, sem olhar,
o contato com o papel picado, centenas de quadradinhos que ela se dera ao trabalho de cortar, usando
sempre revista, nunca jornal, para dar mais colorido
e leveza. Sorriu. Trouxe na
mão o primeiro punhado.
Os vizinhos iam estranhar.
Nem era dia de jogo. Mas
queria assim. Que sua chuva de papel fosse única. E lá
se foi. No ar, os pedacinhos
coloridos ficaram flutuando por um instante e depois
caíram, trêmulos. Pareciam
lágrimas.
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