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TELEVISÃO
Serras Azuis é lugar muito endomingado
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Duas páginas coloridas de jornal anunciaram a estréia de
"Serras Azuis", um grande esforço dramático da Bandeirantes,
aquela emissora que insiste em
ter no Luciano do Valle sua única estrela. As primeiras cenas,
com um rapaz e seu cavalo contemplando, imóveis, a ampla beleza de uma paisagem justificaram a publicidade e até a promessa de uma saga.
O lamentável é que, volta à cidade, tudo se amesquinhou.
Nunca se viu um lugar tão endomingado como Serras Azuis.
Se existisse um mendigo, ele
vestiria,certamente, uma roupa
nova. Devemos rir das gêmeas
solteiras andando juntas com o
mesmo lilás nos vestidos? Nem
pensar. Um detalhe fácil de ambientação. E da longa peruca
avermelhada que colocaram na
cabeça de melão da Joana Fomm,
poderíamos rir às despregadas?
Claro que sim.
Perpétua
Além de tudo, ela quer um padre
para benzer sua cama de recém-casada. Uma vez Perpétua,
para que se arriscar em novidades?
Mas é preciso um momento para
esclarecer que nem tudo é carrossel de musical americano. Os elementos são, na realidade, um
preâmbulo de tragédia que já foi
americana, mas que tem todo o
direito de ser brasileira.
Café-com-leite
Serras Azuis é dominada por
duas famílias. O revezamento dos
Paiva com os Roldão é o café-com-leite deles.
Já o Ítalo Rossi, que não é Roldão nem Paiva, não está disposto a
desperdiçar a crueldade do seu
humor, roendo eternamente as
unhas.
Quando o rapaz Roldão da bela
paisagem pede a mão de uma Paiva em casamento, as cortinas do
Rossi rasgam-se como o véu daquele templo. União de Paiva com
Roldão faz jorrar sangue.
As duas famílias, num tiroteio,
se matam. Vinte anos depois, só o
Sérgio Brito não conseguiu uma
eternidade com os maquiadores.
O Leonardo Villar está todo pimpão. O John Herbert está solto e
feliz.
Até o Gianfrancesco Guarnieri
trocou os pobres por uma velha
árvore que não usa black-tie. E
que o Marcos Caruso continue engraçado fazendo um médico hipocondríaco.
Há esperanças de que o ótimo
Ítalo Rossi faça rir. E é muito bom
ver que o último Roldão (Petrônio
Gontijo) já está noutra, e que o último Paiva (Giuseppe Oristânio)
só quer ler.
A mulher tenta com muita sedução. Ele prefere novas páginas a
novos Paiva. A novela promete.
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