UOL


São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Cantor mineiro de "Volta por Cima" lutou contra câncer ósseo nos últimos sete anos e deixa dois álbuns inéditos

Sambista Noite Ilustrada morre aos 75 anos

Ana Ottoni - 16.out.2002/Folha Imagem
O sambista mineiro Noite Ilustrada, que morreu ontem pela manhã, na cidade de Atibaia


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu às 8h de ontem, aos 75 anos, o sambista mineiro Noite Ilustrada, intérprete histórico do samba "Volta por Cima", do paulista Paulo Vanzolini. O cantor lutou contra um câncer ósseo nos últimos sete anos. Ele estava internado desde o dia 27 em Atibaia (60 km ao norte de São Paulo), onde morava desde 1996.
O enterro estava previsto para a manhã de hoje, no cemitério Parque das Flores, em Atibaia, onde já está sepultada outra grande voz da música popular brasileira, a de seu amigo Silvio Caldas (1908-98).
Ele deixa dois discos inéditos, que não chegou a ver editados. "Noite Ilustrada Canta Ataulfo Alves - Ao Mestre com Carinho" deve chegar às lojas na semana que vem, pela gravadora independente Atração. "Noite Interpreta Lupicinio Rodrigues" está sendo finalizado na Atração, que promete lançá-lo em agosto ou setembro (leia texto à esquerda).
Mário de Souza Marques Filho nasceu em 10 de abril de 1928, em Pirapetinga, Minas Gerais. Violonista, carregava o apelido de Bom Crioulo até ser convocado às pressas para se integrar à excursão da revista musical "A Noite Ilustrada", de Zé Trindade.
Um dia, ao apresentá-lo, Trindade esqueceu seu nome e, de improviso, cravou o apelido. "Quando a gente não gosta do apelido é que pega mesmo. Não soava muito bem, não. Mas me acostumei", disse à Folha em 1998.
Nômade, acabou no Rio, onde foi músico acompanhante de sambistas como Moreira da Silva e Geraldo Pereira, em shows em circos e parques de diversão.
Estabelecido em São Paulo, ganhou o circuito de boates, já como crooner. Gravou seu primeiro disco de 78 rotações em 1958, pela gravadora pernambucana Mocambo -nos anos 80, passaria temporada radicado em Recife, gravando pelo selo local Polydisc.
O instante de glória viria em 1963, quando consagrou os versos "reconhece a queda e não desanima/ levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima", de Vanzolini.
Afeito aos compositores de sua geração ou mais velhos, o cantor de vozeirão à moda antiga gravou em seu auge pela Philips (hoje Universal), que não mantém nenhum de seus álbuns em catálogo.
Semi-esquecido no final do século, foi resgatado em 2001 pela Trama, por onde gravou "Perfil de um Sambista", com produção de Fernando Faro.


Texto Anterior: Trecho
Próximo Texto: Artista deixa dois álbuns inéditos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.