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ARTES PLÁSTICAS
"O RETORNO DOS GIGANTES"
Grupo observa o passado para tentar dar frescor à arte
TIAGO MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Mais de uma vez a pintura
alemã do fim dos anos 70/
começo dos 80, período coberto
pela mostra "O Retorno dos Gigantes", foi associada ao regresso.
Quando esses artistas apareceram para o mundo foram interpretados como um episódio da
volta à pintura. Alguns deles foram reconhecidos por dar novo
vigor a um estilo de décadas anteriores, sendo reconhecidos como
neo-expressionistas.
Essa nova figuração olhava para
o passado, ou melhor, para direções diversas, contra um certo finalismo objetivo das neovanguardas dos anos 60. Queriam estabelecer para a arte certo frescor
perdido em meio a tanta discussão de princípios.
Quando Baselitz carrega nas
manchas de tinta tentando fazer
daquelas massas um pássaro que
se faz ver de ponta-cabeça, ele
procura certo movimento de gênese, como se pudesse ir contra
qualquer imagem preconcebida.
Penck vai mais atrás. Tenta figurar processos da vida banal como
um pintor rupestre. Simplifica os
grafismos em uma identificação
da vida simples contra a despersonalização contemporânea.
Já artistas como Rainer Fetting,
Elvira Bach e Helmut Middendorf
evidenciam a oposição entre a vida urbana e uma individualidade
transbordante. São os pintores
que retomam mais decididamente o primeiro expressionismo alemão, mas ao invés de ambientarem suas cenas em meio às populações tribais, eles as constroem
em lofts de classe média.
Em vez do primitivismo de um
Penck, que teria um traço conservador, mas de nostalgia, aqui se
trata de distinção social. De personagens que não suportam a coletividade, como uma nova elite
que se forma a partir da criação de
um mercado de consumo de produtos diferenciados e quer se
mostrar diferente, dotada de uma
nova individualidade, identificada com a libertação.
Os artistas se preocupam mais
em afirmar certo discurso ou reiterar seu gosto do que em nos
proporcionar experiências mais
vigorosas. Embora a exposição
nos dê uma ótima medida de parcela da arte alemã do período, fica
a impressão de déjà vu.
O Retorno dos Gigantes
Onde: MAM (av. Pedro Álvares Cabral,
s/nš, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: ter., qua. e sex., das 12h às 18h;
qui., das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h
às 18h; até 24/8
Quanto: R$ 5 (grátis às terças)
Tiago Mesquita é crítico de arte
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