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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

"O RETORNO DOS GIGANTES"

Grupo observa o passado para tentar dar frescor à arte

TIAGO MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais de uma vez a pintura alemã do fim dos anos 70/ começo dos 80, período coberto pela mostra "O Retorno dos Gigantes", foi associada ao regresso.
Quando esses artistas apareceram para o mundo foram interpretados como um episódio da volta à pintura. Alguns deles foram reconhecidos por dar novo vigor a um estilo de décadas anteriores, sendo reconhecidos como neo-expressionistas.
Essa nova figuração olhava para o passado, ou melhor, para direções diversas, contra um certo finalismo objetivo das neovanguardas dos anos 60. Queriam estabelecer para a arte certo frescor perdido em meio a tanta discussão de princípios.
Quando Baselitz carrega nas manchas de tinta tentando fazer daquelas massas um pássaro que se faz ver de ponta-cabeça, ele procura certo movimento de gênese, como se pudesse ir contra qualquer imagem preconcebida. Penck vai mais atrás. Tenta figurar processos da vida banal como um pintor rupestre. Simplifica os grafismos em uma identificação da vida simples contra a despersonalização contemporânea.
Já artistas como Rainer Fetting, Elvira Bach e Helmut Middendorf evidenciam a oposição entre a vida urbana e uma individualidade transbordante. São os pintores que retomam mais decididamente o primeiro expressionismo alemão, mas ao invés de ambientarem suas cenas em meio às populações tribais, eles as constroem em lofts de classe média.
Em vez do primitivismo de um Penck, que teria um traço conservador, mas de nostalgia, aqui se trata de distinção social. De personagens que não suportam a coletividade, como uma nova elite que se forma a partir da criação de um mercado de consumo de produtos diferenciados e quer se mostrar diferente, dotada de uma nova individualidade, identificada com a libertação.
Os artistas se preocupam mais em afirmar certo discurso ou reiterar seu gosto do que em nos proporcionar experiências mais vigorosas. Embora a exposição nos dê uma ótima medida de parcela da arte alemã do período, fica a impressão de déjà vu.


O Retorno dos Gigantes  
Onde: MAM (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: ter., qua. e sex., das 12h às 18h; qui., das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h às 18h; até 24/8
Quanto: R$ 5 (grátis às terças)

Tiago Mesquita é crítico de arte



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