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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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DOCUMENTÁRIO

"A Propósito de Buñuel" humaniza mitos

Divulgação
Catherine Deneuve em "A Bela da Tarde", filme de Luis Buñuel; diretor é tema de documentário


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Em "A Bela da Tarde" (1967), Catherine Deneuve recebe uma misteriosa caixinha. O conteúdo é mostrado apenas às moças do bordel, causando diferentes reações. Ao espectador, não é mostrado nada. Quando indagado em entrevistas sobre o que havia dentro da caixa, o diretor, Luis Buñuel (1900-1983), costumava dizer: "O que você quiser".
Sempre há alguém disposto a procurar significados na obra do diretor. O documentário "A Propósito de Buñuel", de José Luis López-Linares e Javier Rioyo, que o GNT exibe hoje -dia em que se completam 20 anos de sua morte-, é mais sincero do que muitos ensaios já escritos sobre o diretor, uma vez que não se prende em interpretações de signos.
Atores de seus filmes relembram bastidores de filmagens. Recorre-se diretamente às pessoas que conviveram com o diretor. Vemos imagens de arquivos com depoimentos da mulher Jeanne e de Salvador Dalí (1904-1989), entre outros. Buñuel aparece em valiosas declarações, em que fala, por exemplo, que não gostava de filmar cenas de beijos. Ou então, em outras, em que desdenha da profissão de ator ("É muito fácil.").
O documentário enfatiza a figura humana ao citar as contradições de sua vida, como a maneira ambígua de lidar com a religião, a morte e o sexo. Como na passagem dedicada ao processo de criação de "Um Cão Andaluz": não há muito o que decifrar no surrealismo. Tudo ali teria sido feito instintivamente, a partir de sonhos imprevisíveis.

GNT.DOC: A PROPÓSITO DE BUÑUEL. Direção: José Luis López-Linares e Javier Rioyo. Quando: hoje, às 23h20, no GNT.


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