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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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Organização planeja "equalizar" evento

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

A nota dissonante no 3º Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que terminou no domingo, foi o efeito contraditório do lugarNenhum (uma definição para utopia), conjunto de galpões de uma antiga fábrica desativada no município localizado a 451 km de São Paulo.
O local era destinado a espetáculos, performances, intervenções e baladas (bar e DJs). O musical "Single Singers Bar", do grupo Folias d'Arte (São Paulo), e a coreografia "Feminino", da Stella Maris Cia. de Dança (Araçatuba, SP), foram alguns dos prejudicados pela vazão de som ou pelo burburinho.
"A experiência deste ano mostrou que valorizamos a música em detrimento das artes cênicas", admite o coordenador do festival, Jorge Vermelho, 36. A curadoria ficou a cargo do produtor cultural Ricardo Muniz Fernandes.
"O público da badalação e o público de teatro precisam de espaços diferenciados. Vamos equalizar isso na próxima edição, mas sem deixar de considerar que a intervenção artística num habitat que não é o seu também pode ter um efeito bacana."
Apesar dos problemas, Vermelho afirma que o evento deu conta de mostrar trabalhos investigativos no Sistema de Trocas, segmento que também ocupou o lugarNenhum. Artistas da Polônia, do Equador ou de São Paulo mostraram resultado de oficinas com atores ou dançarinos locais.
Destaca ainda a ênfase no teatro de grupo (Lume, Parlapatões, Cia. do Feijão, Círculo dos Comediantes, Cemitério de Automóveis, Sobrevento, Teatro do Pequeno Gesto, Cia. di Stravaganza etc.); a utilização de espaços não convencionais (igreja, hospital e cadeia) na trilogia do Teatro da Vertigem (SP); e a relação diferenciada com o espectador nos espetáculos "Viagem em Terra Interior", dirigido pela francesa Léa Dant, restrito a dez pessoas por sessão, e "Guevara em 1,967 m2", inspirado em Che Guevara (1928-67), que o grupo Caixa de Imagens (SP) encenou para um espectador por vez.
Nos 11 dias do festival (de 17 a 27/ 7), a organização estima que 78 mil pessoas assistiram a 82 trabalhos desdobrados em 154 apresentações. Houve duas baixas: "Os Sertões - A Terra", pelo grupo Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, que alegou problemas para apresentar o espetáculo num estacionamento, sem acústica e sobre asfalto, e "Biokraphia", do Líbano, cujos artistas não obtiveram o visto do seu governo para viajar a tempo.
O festival é uma realização da prefeitura e do Sesc SP. Teve apoio da Secretaria de Cultura do Estado, da Nossa Caixa e co-patrocínio da Petrobras.


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