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Organização planeja "equalizar" evento
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
A nota dissonante no 3º Festival
Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que terminou no
domingo, foi o efeito contraditório do lugarNenhum (uma definição para utopia), conjunto de galpões de uma antiga fábrica desativada no município localizado a
451 km de São Paulo.
O local era destinado a espetáculos, performances, intervenções e baladas (bar e DJs). O musical "Single Singers Bar", do grupo
Folias d'Arte (São Paulo), e a coreografia "Feminino", da Stella
Maris Cia. de Dança (Araçatuba,
SP), foram alguns dos prejudicados pela vazão de som ou pelo
burburinho.
"A experiência deste ano mostrou que valorizamos a música
em detrimento das artes cênicas",
admite o coordenador do festival,
Jorge Vermelho, 36. A curadoria
ficou a cargo do produtor cultural
Ricardo Muniz Fernandes.
"O público da badalação e o público de teatro precisam de espaços diferenciados. Vamos equalizar isso na próxima edição, mas
sem deixar de considerar que a intervenção artística num habitat
que não é o seu também pode ter
um efeito bacana."
Apesar dos problemas, Vermelho afirma que o evento deu conta
de mostrar trabalhos investigativos no Sistema de Trocas, segmento que também ocupou o lugarNenhum. Artistas da Polônia,
do Equador ou de São Paulo mostraram resultado de oficinas com
atores ou dançarinos locais.
Destaca ainda a ênfase no teatro
de grupo (Lume, Parlapatões, Cia.
do Feijão, Círculo dos Comediantes, Cemitério de Automóveis, Sobrevento, Teatro do Pequeno
Gesto, Cia. di Stravaganza etc.); a
utilização de espaços não convencionais (igreja, hospital e cadeia)
na trilogia do Teatro da Vertigem
(SP); e a relação diferenciada com
o espectador nos espetáculos
"Viagem em Terra Interior", dirigido pela francesa Léa Dant, restrito a dez pessoas por sessão, e
"Guevara em 1,967 m2", inspirado
em Che Guevara (1928-67), que o
grupo Caixa de Imagens (SP) encenou para um espectador por
vez.
Nos 11 dias do festival (de 17 a
27/ 7), a organização estima que
78 mil pessoas assistiram a 82 trabalhos desdobrados em 154 apresentações. Houve duas baixas:
"Os Sertões - A Terra", pelo grupo
Oficina, de José Celso Martinez
Corrêa, que alegou problemas para apresentar o espetáculo num
estacionamento, sem acústica e
sobre asfalto, e "Biokraphia", do
Líbano, cujos artistas não obtiveram o visto do seu governo para
viajar a tempo.
O festival é uma realização da
prefeitura e do Sesc SP. Teve
apoio da Secretaria de Cultura do
Estado, da Nossa Caixa e co-patrocínio da Petrobras.
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