São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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CRÍTICA

Disco presta homenagens e evoca as fontes do sambista

DA SUCURSAL DO RIO

"Brasão de Orfeu" não tem pontos tão altos quanto os dois de "O Som Sagrado de Wilson das Neves" - o belíssimo "O Samba é Meu Dom" ("E é num samba/ Que eu quero morrer/ De baquetas na mão", letra de Paulo César Pinheiro) e o divertido "Grande Hotel ("Entras com ares de atriz/ Sabes que sou da platéia", letra de Chico Buarque).
Mas é um disco que evoca muito bem as fontes de Wilson das Neves. Ele é o autor das 13 melodias, que não guardam profundas variações, mas têm consistência.
A primeira das fontes é o Império Serrano, evocado no abre-alas "Imperial", linda letra de Aldir Blanc. O romantismo dos salões e gafieiras, no limite entre a bossa e a fossa, está bem tratado em "Samba pra Mim Mesmo", "Jóia Perdida" e "Traço de Giz", letras de Paulo César Pinheiro.
Leveza e tristeza também rimam em "Lupiciniana", em que Nei Lopes faz engenhosa colagem de versos de Lupicínio Rodrigues. A música faz par com "A Divina" em outra marca de Das Neves: o tributo aos que já se foram. Mas a letra (de Pinheiro) da homenagem a Elizeth Cardoso escorrega em alguns clichês, como "Uma artista que se enluarou/ A cantora que o povo chamou/ A Magnífica, a Divina!".
Em "De Muito Longe", os versos de Délcio Carvalho abrilhantam uma das melhores melodias do CD. "Eu vou cantando levando alegria/ A quem nasceu num mundo cheio de agonia", diz os versos finais, traduzindo bem a vida e a obra de Das Neves.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)


Brasão de Orfeu
   
Artista: Wilson das Neves
Gravadora: Quelé
Quanto: R$ 20



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