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"FILHOTE"
Melodrama espanhol constrói visão edificante da identidade sexual
THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todo mundo sabe que o tema preferido do cinema espanhol é o sexo e a identidade sexual. A popularidade do ícone do
país, Pedro Almodóvar, se dá
muito por sua galeria de gays, travestis e transexuais, em geral mais
cômicos que dramáticos.
O mérito de "Filhote" é tratar o
sexo (mais especificamente a homossexualidade) numa chave
melodramática, respeitosa e até
edificante sem nunca soar chato
ou pretensioso. Bernardo, um
menino de 11 anos, passa a viver
com o tio gay, Pedro, depois que a
mãe viaja para a Índia. No começo, o tio muda radicalmente de vida para não chocar o garoto, mas
com o tempo vai se sentindo mais
à vontade. E ao assumir aos poucos sua identidade para Bernardo,
faz com que o menino também
busque a sua -não sexual, pois
ainda é muito novo, mas no sentido mais amplo, das atitudes. Nesse sentido, a decisão de raspar a
cabeça não significa pouca coisa.
O mesmo processo de empatia e
quebra de preconceito se dá com
os amigos do tio. À primeira vista,
são criaturas exóticas -muitos
são "ursos", os gays de meia-idade, gordinhos e barbudos. Ao longo do filme, eles mostram o seu lado mais humano, derrubando as
reservas de espectadores menos
"antenados" no mundo gay.
Pena que algumas subtramas
estão ali apenas para alongar a
história e contribuir para que o
espectador tome posição em favor do tio. É o caso da avó que não
aceita que o tio gay cuide do menino. A disputa soa um tanto folhetinesca. No fim das contas, tio e
sobrinho são personagens fortes o
suficiente para justificar sozinhos
o interesse dessa trama de afetos
acima das preferências.
Filhote
Cachorro
Produção: Espanha, 2004
Direção: Miguel Albaladejo
Com: José Luis Garcia Pérez, David
Castillo, Empar Ferrer
Quando: a partir de hoje no Cinesesc
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