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LIVROS
Afeganistão vira best-seller no Brasil
"O Livreiro de Cabul" pega carona na trajetória de sucesso de "O Caçador de Pipas" nas listas de obras mais vendidas
Editora Nova Fronteira já
tem a preferência para o
segundo romance de Khaled
Hosseini; Record faz aposta
em "Sonhando a Palestina"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um é ficção e está há mais de
40 semanas na lista de mais
vendidos da Folha. O outro é
um livro-reportagem e vem se
alternando entre o primeiro e
segundo lugares. Em comum,
"O Caçador de Pipas", do afegão Khaled Hosseini, e "O Livreiro de Cabul", da norueguesa Asne Seierstad, têm o feito
de se tornarem best-sellers, no
Brasil, com histórias de um
país distante da realidade brasileira -o Afeganistão.
Lançado em setembro de
2005, "O Caçador de Pipas" foi
uma aposta arriscada. Primeiro
romance de um médico, seu
passe foi arrematado em leilão
pela Nova Fronteira, em 2003,
por US$ 12 mil -duas outras
editoras, uma grande, outra pequena, desistiram da disputa
após sete lances. O livro chegou
às listas de mais vendidos em
novembro, teve uma "arrancada" em fevereiro de 2006 e já
vendeu mais de 350 mil exemplares. À frente da aposta, estava a editora Izabel Aleixo:
"Deparei-me com "O Caçador de Pipas" no fim de 2004.
Pedi o livro e logo cheguei ao
fim de 20 capítulos, o que me
chamou a atenção", conta Izabel. "Tivemos tiragem inicial
de 15 mil cópias contra 5.000
da média. Uma semana depois,
pedimos reimpressão. O boca-a-boca foi fundamental."
Os direitos de "O Livreiro de
Cabul" foram comprados pela
Record em 2004. A editora Luciana Villas Boas conta que
soube dele pela imprensa americana, e, como traduções raramente fazem sucesso nos Estados Unidos, resolveu investir.
"A leitura confirmou minha
intuição", diz Villas Boas. "E o
sucesso de "O Caçador de Pipas"
me deu maiores esperanças de
boas vendas para "O Livreiro de
Cabul". A apresentação da obra
para os representantes de vendas, e para os próprios livreiros, ficaria muito mais fácil. O
livro já não soaria tão exótico."
A Record saiu com uma tiragem de 5.000 cópias e preparou um caprichado material de
marketing para as livrarias. Já
são 20 mil exemplares vendidos, o estoque está zerado e logo entra uma nova tiragem de
15 mil, a quarta reimpressão.
Livreiros
Frederico Indiani, diretor de
compras da livraria Saraiva, diz
que apostou desde o início no
sucesso dos livros. A rede vendeu 30 mil cópias de "O Caçador de Pipas" e cerca de 2.000
de "O Livreiro de Cabul". A reposição tem acompanhado a
demanda, que, diz Indiani, ainda não deu sinais de cansaço.
Na Siciliano, o quadro não é
diferente. Deric Degasperi, diretor de produto da rede, diz
que os pedidos de reposição dos
títulos são diários: "Os últimos
conflitos no Oriente têm aumentado o interesse do leitor
em conhecer a história, a cultura e as diferenças em relação à
realidade do brasileiro. "O Caçador de Pipas" é ficção, mas a
ambientação é calcada na realidade. E "O Livreiro de Cabul" retrata a rotina diária dos afegãos. Ambos dissecam o cotidiano afegão, o que por si só já é
um atrativo para o leitor", diz.
Na Livraria da Vila, "O Caçador de Pipas" vendeu mais de
mil cópias. "O Livreiro de Cabul" já figura em primeiro lugar
entre os mais vendidos, com
cem exemplares comercializados em 15 dias. "Ele aproveitou
de certa forma o sucesso de "O
Caçador de Pipas", mas tem vida própria, justamente por ser
um livro-reportagem, escrito
por alguém que não tem laços
com o país, como é o caso do
Khaled Hosseini", defende Samuel Seibel, dono da livraria.
Próximos capítulos
A Nova Fronteira tem preferência no Brasil para a compra
do segundo romance de Hosseini, sobre a amizade entre
duas mulheres afegãs, dos anos
50 aos dias de hoje. Atrasado,
por conta de um "bloqueio" do
autor, o livro está prometido
para outubro, lá fora.
A Record, por sua vez, aposta
em "Sonhando a Palestina", de
Randa Chazy, jovem escritora
nascida na Itália, de pais egípcios. "Curiosamente, também é
um livro contratado no fim de
2004, que estava atrasado. Aceleramos a produção para recuperar o tempo perdido e aproveitar o momento", conta Villas
Boas. "Ele conta a história de
um grupo de adolescentes palestinos em busca de uma vida
normal em meio à guerra. Bem
bonito, muito comovente."
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