São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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"As pessoas comentam que nossos livros se completam", diz Seierstad

DA REPORTAGEM LOCAL

A jornalista norueguesa Asne Seierstad, autora de "O Livreiro de Cabul", ainda não leu "O Caçador de Pipas". Depois de voltar ao Afeganistão, onde acompanhou o dia-a-dia de uma família afegã, comandada pela mão forte do livreiro do título, Seierstad cobriu a guerra no Iraque, que rendeu outro livro, e ainda foi ver de perto os conflitos na Rússia e nos Bálcãs.
"É realmente constrangedor, mas ainda não li. Muitas pessoas me disseram para ler, pois é um grande romance, e que nossos livros se complementam -o dele sendo mais sob o ponto de vista masculino, e o meu, apresentando a perspectiva de uma mulher", comenta a autora.
Para Seierstad, livros como o de Hosseini e o seu ajudam o leitor a conhecer a realidade de um país cujos habitantes se tornam meros números e rostos sem identidade nos noticiários.
"Ou dá-se a essas pessoas papéis: esta é uma vítima, aquele é um senhor da guerra, aquele outro, um mocinho, e o outro, um vilão. Todos têm alguns minutos na tela e depois são esquecidos. Acho que as pessoas realmente estão interessadas na pessoa por inteiro, seu passado, suas histórias, pensamentos, vidas e sentimentos. E para conseguir saber isso, um bom caminho é um livro, que dá ao leitor tempo para pensar por conta própria."

Sonho
Desde que deixou o Afeganistão, Seierstad não mais voltou ao país. Não pretende, por ora, escrever outro livro sobre o país. Mas acalenta um sonho, ligado à escola que construiu, com a renda do livro, para 600 meninas afegãs, que têm aulas em dois turnos diários.
"Espero que dali emerjam novas vozes, novas vozes afegãs. Talvez algumas delas se tornem escritoras, ou poetas, diretoras etc, e contem suas próprias histórias, de modo que o mundo não tenha que confiar ou depender de vozes ocidentais, como a minha, com todas as complicações que isto envolve."° (ES)


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