São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2011

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CRÍTICA POP

Ricky Martin explora saída do armário com poderosa máquina de marketing

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Fora do armário, Ricky Martin encampou uma batalha pela igualdade com a singeleza de uma miss simpatia.
A Oprah Winfrey lembrou que sentiu "uma sensação de paz incrível" quando assumiu a homossexualidade pelo Twitter, no ano passado.
Por acaso, a entrevista foi ao ar no mesmo dia em que o cantor lançava sua autobiografia, "Eu". Isso foi meses antes do início da turnê mundial que passou por São Paulo na última sexta e que chega amanhã a Porto Alegre, mostrando que uma azeitada máquina de marketing turbinou o anúncio de que é gay.
No palco, Martin se mostra um pouco mais à vontade entre bailarinos. Também incrementou cenários e deu um toque de musical da Broadway aos números, almejando talvez os excessos de Beyoncé ou de uma Lady Gaga menor.
Mas muito continua igual no Ricky Martin de antes e depois. Fica a coreografia padrão, requebrada e rebolada, de latino para exportação, exótico como o povo gosta.
Também tem na cara o tempo todo um sorriso estático e plástico, com o rigor inabalável de um animador de programa de auditório.
No DNA do ex-menudo, há está um amálgama eficaz de referências. De canastrão sedutor como Julio Iglesias aos meneios de Shakira, passando pelas coreografias de "boy bands" e a pose de outro Ricky, o Ricky Ricardo que o cubano Desi Arnaz imortalizou no seriado "I Love Lucy".
Martin espreme sua latinidade de Porto Rico até o bagaço, dançando com bandeiras da ilha, mesmo que tenha explodido na cena internacional cantando em inglês.
No fim das contas, é isso que interessa. Martin é o espelho correto de uma realidade que tudo aceita e que suaviza diferenças. Não importa se gay ou latino, o que salta aos olhos é o vazio pasteurizado de uma estrela pop.

RICKY MARTIN
QUANDO amanhã, às 21h
ONDE Gigantinho (av. Pe. Cacique, 891, Porto Alegre, tel. 0/xx/51/3675-3720)
QUANTO de R$ 100 a R$ 400
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular


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