São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2011

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Projeto apresenta base criativa de Antunes

"Prêt-à-Porter" chega à 10ª edição reunindo exercícios cênicos do Centro de Pesquisa Teatral, liderado pelo diretor

Evento começa hoje no Sesc Consolação com esquetes que apostam no naturalismo e na força da interpretação


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As peças da série "Prêt-à-Porter", do Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho, tornaram-se um evento de calendário -uma espécie de aperitivo para quem espera com ansiedade as montagens do diretor, que hoje se aquece para uma encenação de "Hamlet", de Shakespeare.
O fato é que o "Prêt-à-Porter" chega a sua décima edição como uma das principais bases para a metodologia de criação de Antunes.
O espetáculo, que segue o modelo de exercícios cênicos criados por seus alunos desde 1998, com três cenas para serem vistas bem de perto por plateias pequenas, estreia hoje no Sesc Consolação.
O naturalismo continua sendo a chave para a concepção dos trabalhos, criados sempre por duplas. O resultado é um espetáculo com foco na interpretação. Luz, cenografia e figurino, quando presentes, apenas fornecem ferramentas para a condução da história.
Durante o processo, as cenas são apresentadas para Antunes em aula e vão se moldando de acordo com as opiniões do diretor e também de acordo com as pesquisas levantadas pelos criadores. Consolidam assim um processo de formação dos atores que abastece os espetáculos da companhia.

CENAS INÉDITAS
"O Homem das Viagens", uma das cenas dessa décima edição, parte de pesquisa profunda sobre Hitler, embora a história da peça se desvie e acabe em um terreno que pouco tem a ver com a trajetória do ditador alemão.
Criada por Marcos de Andrade e Natalie Pascoal, a peça apresenta um homem e uma mulher em um chá da tarde aparentemente comum.
Os diálogos entre eles se abastecem de informações tiradas de leituras sobre psicopatias, com detalhes sórdidos emprestados de observações feitas por "serial killers", entre eles o pedófilo sadomasoquista americano Albert Fish.
Já "Adorável Callas", de Nara Chaib Mendes e Patrícia Carvalho, tem como cenário a casa de uma artista velha e doente. Ela convive com uma enfermeira, e a situação é tensionada por uma espécie de vazio que se estabelece na relação das duas.
A velha fala muito pouco, recita um ou outro poema. A enfermeira preenche o silêncio com divagações sobre qualquer coisa ou com músicas cantadas pela soprano Maria Callas num pequeno aparelho de som.
Completa o trio a cena "Cruzamentos", um caso à parte: sua história foi criada por dois experientes integrantes do CPT, Geraldo Mário e Marcelo Szpektor, num processo que começou ainda em 2003. "O Antunes achava que não era o momento para apresentar, não aprovava", explica Geraldo.
A relação entre um empregado e seu patrão se expande para questões relativas a patriotismo, nacionalismo e conflitos culturais entre países do Oriente Médio e do Ocidente, principalmente.

PRÊT-À-PORTER
QUANDO seg., às 19h15; até 31/10
ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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