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TELEVISÃO
Ex-diretores do SBT não queriam Ratinho
da Redação
A mais recente mudança interna
do SBT aparece aos olhos do público pela chegada de Ratinho. Demissionários desde a última terça,
os diretores Luciano Callegari e
Guilherme Stoliar eram contrários
à contratação do apresentador da
Record por se tratar de um investimento de alto risco.
Para sanar o afastamento dos
dois diretores, Silvio Santos nomeou Rick Medeiros para as funções de Stoliar (direção do núcleo
gerador) e Walter Bonásio para o
núcleo comandado por Callegari,
que inclui a supervisão sobre os
programas "Jô Soares Onze e
Meia", "Programa Livre",
"Eliana & Cia.", "Disney Club",
"SBT Repórter" e "Hebe".
Na avaliação de Stoliar e Callegari, a multa a ser paga pela rescisão
do contrato de Ratinho com a Record (R$ 43 milhões, segundo a
emissora de Edir Macedo) seria
uma incoerência no atual contexto
do SBT, que demitiu mais de duzentos funcionários no último ano
-só a extinção da frota, este mês,
incluiu 64 motoristas.
Para a programação, o enxugamento da folha de pagamentos teve seu efeito mais drástico no departamento de jornalismo, hoje
reduzido aos boletins "Notícias
da Última Hora".
Embora a emissora não acene
oficialmente com a perspectiva de
reativar o setor de notícias, o cumprimento de um contrato assinado
no último mês, com várias emissoras da América Latina, obrigará
Silvio Santos a reestruturar o jornalismo até o início de 99.
Pelo acordo, encabeçado pela
Televisa do México, o SBT será a
emissora que representará o Brasil
numa rede intitulada Aliança Latino-Americana, que consiste na
troca de material jornalístico entre
as TVs participantes. Atualmente,
a reportagem produzida pelo SBT
está limitada ao "SBT Repórter".
Ontem, abriu-se uma exceção na
produção de imagens próprias para transmitir a entrevista dada por
Ratinho, no Hotel Renaissance,
em São Paulo. No último domingo, ao apresentar os suspeitos do
assalto a Gerson Brenner, Gugu
Liberato colocou no ar imagens da
Record porque a emissora não
dispunha do material.
A justificativa interna para esvaziar o jornalismo do SBT é um paradoxo: Silvio Santos argumentou
que o setor estaria gastando muito
para fazer pouco. A solução, então, seria zerar tudo para só depois
reestruturar a área.
A reativação do jornalismo, imediatamente, foi um dos itens defendidos por Stoliar e Callegari até
o início desta semana. Santos não
deu ouvidos às sugestões da dupla.
Embora negue novas negociações com Silvio Santos, Eduardo
Lafon, diretor de programação da
Record, continua na mira do SBT.
(CRISTINA PADIGLIONE)
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