São Paulo, sábado, 29 de agosto de 1998

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TELEVISÃO

Ex-diretores do SBT não queriam Ratinho

da Redação

A mais recente mudança interna do SBT aparece aos olhos do público pela chegada de Ratinho. Demissionários desde a última terça, os diretores Luciano Callegari e Guilherme Stoliar eram contrários à contratação do apresentador da Record por se tratar de um investimento de alto risco.
Para sanar o afastamento dos dois diretores, Silvio Santos nomeou Rick Medeiros para as funções de Stoliar (direção do núcleo gerador) e Walter Bonásio para o núcleo comandado por Callegari, que inclui a supervisão sobre os programas "Jô Soares Onze e Meia", "Programa Livre", "Eliana & Cia.", "Disney Club", "SBT Repórter" e "Hebe".
Na avaliação de Stoliar e Callegari, a multa a ser paga pela rescisão do contrato de Ratinho com a Record (R$ 43 milhões, segundo a emissora de Edir Macedo) seria uma incoerência no atual contexto do SBT, que demitiu mais de duzentos funcionários no último ano -só a extinção da frota, este mês, incluiu 64 motoristas.
Para a programação, o enxugamento da folha de pagamentos teve seu efeito mais drástico no departamento de jornalismo, hoje reduzido aos boletins "Notícias da Última Hora".
Embora a emissora não acene oficialmente com a perspectiva de reativar o setor de notícias, o cumprimento de um contrato assinado no último mês, com várias emissoras da América Latina, obrigará Silvio Santos a reestruturar o jornalismo até o início de 99.
Pelo acordo, encabeçado pela Televisa do México, o SBT será a emissora que representará o Brasil numa rede intitulada Aliança Latino-Americana, que consiste na troca de material jornalístico entre as TVs participantes. Atualmente, a reportagem produzida pelo SBT está limitada ao "SBT Repórter".
Ontem, abriu-se uma exceção na produção de imagens próprias para transmitir a entrevista dada por Ratinho, no Hotel Renaissance, em São Paulo. No último domingo, ao apresentar os suspeitos do assalto a Gerson Brenner, Gugu Liberato colocou no ar imagens da Record porque a emissora não dispunha do material.
A justificativa interna para esvaziar o jornalismo do SBT é um paradoxo: Silvio Santos argumentou que o setor estaria gastando muito para fazer pouco. A solução, então, seria zerar tudo para só depois reestruturar a área.
A reativação do jornalismo, imediatamente, foi um dos itens defendidos por Stoliar e Callegari até o início desta semana. Santos não deu ouvidos às sugestões da dupla.
Embora negue novas negociações com Silvio Santos, Eduardo Lafon, diretor de programação da Record, continua na mira do SBT.
(CRISTINA PADIGLIONE)



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