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MODA PRIMAVERA-VERÃO 2000
Fetiche do clássico de Prada faz Milão eclodir
ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão
A Prada faz eclodir a temporada
do prêt-à-porter italiano, que começou devagar em Milão na última sexta-feira e, finalmente, anteontem, provocou espasmos de
paixão nos editores de moda de
todo o mundo, reunidos para conhecer os lançamentos para a primavera-verão 2000.
Até então, o clima era de fim-de-século, ou seja: tudo já foi feito,
tudo já foi dito. Mas a marca de
Miuccia Prada, partindo desse
princípio, mostrou anteontem
um daqueles desfiles que se tornarão "turning points" da moda.
Que tal lembrar que a Prada foi
uma das grifes (Gucci é a outra)
que ajudou a inventar o marketing de moda que segurou o mercado durante os anos 90? Hype invisível, culto ao "feio", revalorização de acessórios, publicidade
consistente e o esporte foram as
armas. Marketeira como sempre,
a marca elege como tema agora o
fetiche do clássico, aquelas peças
que, atenção para a ironia, "não
vão sair de moda nunca".
A vantagem: a Prada decretou
que podemos voltar a usar cacharrel de gola rulê e aquelas engraçadas camisas de seda com
ombros levantados (coqueluche
instalada por Yves Saint Laurent
nos 70). É isso, cafona volta a ser
chique. E assim a moda vai.
Enquanto isso, do outro lado da
moda comercial, o queridinho
John Bartlett dá tratos à bola na
Byblos. Quimonos viram regatas
de cetim com volumes aqui e ali,
desdobrados também em vestidos tomara-que-caia, em tons lavados de amarelo e rosa. Brancos
e sobreposições também aparecem, em futurismo urbano.
No Emporio Armani, também
temos mudanças. Há um ano a
marca virou "hot ticket", e desta
vez vem ainda mais jovial. O
"look" entrega tudo: cabelos pintados de vermelho e roxo; olhos
coloridos com detalhes em prata,
tipo club/raver. Não que o grande
imperador italiano tenha "virado
clubber", mas não deixa de ser
digno de nota que uma tentativa
de modernização existe e ela contempla os jovens sem dinheiro da
virada do milênio, junto a inspirações orientais nas formas.
A silhueta é quebrada, com peças intercambiáveis como pede o
momento, e propõe uma nova ordem, principalmente no "look"
de falsa calça jeans dobrada na
perna sob vestidos fluidos, sem
manga, relaxados. Ou na saia lilás
(ou lavanda) de forma quase bailarina, com babadinhos no viés,
semitransparente, com blazer.
O trabalho nos tecidos marca:
um tricô degradê; as calças com
poéticas lantejoulas; o falso paetezão recortado no tecido; o "mohair" brilhoso. A vocação é jovem, com atitude e romantismo.
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