São Paulo, Quarta-feira, 29 de Setembro de 1999
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MODA PRIMAVERA-VERÃO 2000

Fetiche do clássico de Prada faz Milão eclodir

ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão



A Prada faz eclodir a temporada do prêt-à-porter italiano, que começou devagar em Milão na última sexta-feira e, finalmente, anteontem, provocou espasmos de paixão nos editores de moda de todo o mundo, reunidos para conhecer os lançamentos para a primavera-verão 2000.
Até então, o clima era de fim-de-século, ou seja: tudo já foi feito, tudo já foi dito. Mas a marca de Miuccia Prada, partindo desse princípio, mostrou anteontem um daqueles desfiles que se tornarão "turning points" da moda.
Que tal lembrar que a Prada foi uma das grifes (Gucci é a outra) que ajudou a inventar o marketing de moda que segurou o mercado durante os anos 90? Hype invisível, culto ao "feio", revalorização de acessórios, publicidade consistente e o esporte foram as armas. Marketeira como sempre, a marca elege como tema agora o fetiche do clássico, aquelas peças que, atenção para a ironia, "não vão sair de moda nunca".
A vantagem: a Prada decretou que podemos voltar a usar cacharrel de gola rulê e aquelas engraçadas camisas de seda com ombros levantados (coqueluche instalada por Yves Saint Laurent nos 70). É isso, cafona volta a ser chique. E assim a moda vai.
Enquanto isso, do outro lado da moda comercial, o queridinho John Bartlett dá tratos à bola na Byblos. Quimonos viram regatas de cetim com volumes aqui e ali, desdobrados também em vestidos tomara-que-caia, em tons lavados de amarelo e rosa. Brancos e sobreposições também aparecem, em futurismo urbano.
No Emporio Armani, também temos mudanças. Há um ano a marca virou "hot ticket", e desta vez vem ainda mais jovial. O "look" entrega tudo: cabelos pintados de vermelho e roxo; olhos coloridos com detalhes em prata, tipo club/raver. Não que o grande imperador italiano tenha "virado clubber", mas não deixa de ser digno de nota que uma tentativa de modernização existe e ela contempla os jovens sem dinheiro da virada do milênio, junto a inspirações orientais nas formas.
A silhueta é quebrada, com peças intercambiáveis como pede o momento, e propõe uma nova ordem, principalmente no "look" de falsa calça jeans dobrada na perna sob vestidos fluidos, sem manga, relaxados. Ou na saia lilás (ou lavanda) de forma quase bailarina, com babadinhos no viés, semitransparente, com blazer.
O trabalho nos tecidos marca: um tricô degradê; as calças com poéticas lantejoulas; o falso paetezão recortado no tecido; o "mohair" brilhoso. A vocação é jovem, com atitude e romantismo.


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