São Paulo, Quarta-feira, 29 de Setembro de 1999
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Filme vale uma corrida ao cinema

ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Você já viu esse filme antes. Uma pessoa -que pode ser um homem de meia idade ou uma jovem de vinte e poucos anos- enfrenta uma situação complicada e acaba recebendo uma nova chance de fazer as coisas darem certo. Mas nunca na velocidade de "Corra Lola Corra", exibido hoje no Festival do Rio 99, que termina amanhã.
Poucos filmes são tão fiéis ao título como este. Na história, Lola corre como uma louca durante quase todos os 81 minutos de projeção. Ela precisa arrumar 100 mil marcos para salvar a vida do namorado, Manni, metido com um traficante barra-pesada.
Acontece que essa dinheirama tem que ser conseguida em apenas 20 minutos. O grande interesse é descobrir o que o diretor Tom Tykwer faz com os outros 61 minutos de filme. Lola e o namorado erram, tentam de novo e sofrem as consequências, num ritmo de videogame em que, ao fracassar, basta começar tudo de novo.
O apuro visual e a fluidez narrativa de "Corra Lola Corra" são o grande diferencial deste filme para outros similares, como "O Feitiço do Tempo". O sucesso da produção tornou Tykwer um diretor "quente" mundialmente. Antes ele dirigira "Deadly Maria" (1993) e "Winter Sleepers" (1997), recebidos sem empolgação.
O filme está recheado de frases e referências -como está se tornando cada vez mais comum e, às vezes, irritante nos filmes contemporâneos.
Logo na abertura, há um poema de T.S. Elliot que se mistura a algumas frases feitas do técnico Sepp Herberger, uma espécie de Neném Prancha germânico que levou sua seleção a vencer a Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Tudo tenta mostrar ao espectador que, quando algo dá errado, é preciso tentar novamente -e sempre vale a pena tentar de novo.
Assim, a cada vez que Lola tenta resolver a situação de novo, cada ação que ela faz de um jeito diferente resulta em uma outra mudança sutil (notada apenas pelo espectador) que pode, no fim, alterar toda a história, condenando ou salvando seu querido Manni.
"Sempre começo com a imagem, depois construo a história. Nesse filme, a imagem era a de uma mulher correndo. Um filme dinâmico é uma necessidade primária de qualquer cineasta", afirma Tykwer.


Avaliação:   

Filme: Corra Lola Corra
Direção: Tom Tykwer
Produção: Alemanha, 1998
Com: Franka Potente, Moritz Bleibtreu
Quando: hoje, às 21h30, no cine Rio Sul (r. Lauro Muller, 116, Botafogo, Rio, tel. 0/xx/21/542-1098)




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