São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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De bar a restaurante, Don Mariano segue no caminho

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Uma agradável surpresa para quem passa pela rua João Cachoeira é o Don Mariano: uma casinha decorada com bom gosto, evocando o ambiente de uma tasca espanhola.
Já existe há um ano, no início mais como bar de tapas (aperitivos espanhóis), depois com um cardápio ampliado. Os espanhóis levam a comida a sério. Comer é um ato que leva horas (mesmo que seja aos pequenos bocados) e que costuma ocorrer em lugares de atmosfera antiga e calorosa, mistura de taberna (bar de vinho) e restaurante. Essa atmosfera foi bem captada pela arquitetura do Don Mariano, com suas paredes caiadas, decoradas com pedras e ladrilhos, as mesas de mármore ou madeira e as cadeiras largas e antigas.
O primeiro teste do restaurante são as tapas, em que o Don Mariano, no geral, não decepciona. Seus camarões com alho e azeite são pequenos, mas tenros -só falta sal e pimenta (que se pode acrescentar). As empanadas têm a massa macia e recheio saboroso. Há também emparedados de jamón (pão com presunto cru, empanado e frito), croquetes de atum, frios espanhóis, queijos... Mas com poucos vinhos para acompanhar.
Partindo para os pratos principais (a cozinha é comandada pelo chef Luiz Alexandre Mattos de Magalhães, 31, sócio de José Félix Herrero, 45, filho de espanhóis), a oferta não é grande -e ainda irregular. As lulas em sua tinta trazem seu pecado original de cozimento: vêm à mesa em rigor mortal. Salva-se da armadilha o polvo, servido misturado ao arroz, convenientemente macio.
A paella é bem úmida (o que é bom), mas um pouco demais, com caldo sobrando no fundo da panela. Os temperos são equilibrados, mas os dois enormes camarões não se entenderam -um deles firme, o outro macilento, intragável.
Em sua passagem de bar a restaurante, o Don Mariano ainda tem o que caminhar -mas já está no bom caminho.


Cotação: $$$°Avaliação: regular Restaurante: Don Mariano (r. João Cachoeira, 178, tel. 0/xx/11/3167-6954) Horário: das 11h30 às 15h e das 18h à 1h Ambiente: uma agradável reprodução da atmosfera das tascas espanholas Serviço: tranquilo Cozinha: espanhola, com boa seleção de tapas Quanto: entradas, de R$ 3,50 a R$ 19,70; pratos principais, de R$ 12,50 a R$ 144 (para seis pessoas); sobremesas, de R$ 3,50 a R$ 6,20


$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  

DETALHE
Jacquin faz purê digno da tradição francesa
Pode parecer prosaico demais sair de casa para comer purê de batatas. Mas até uns anos atrás, gente do mundo todo fazia isso para comer, a peso de ouro, o purê do mestre Joël Robuchon em Paris. Se você gosta de batata como um francês, vá até o Café Antiqüe, nos Jardins (tel. 0/xx/11/3062-0882) e peça um prato qualquer que tenha purê. O do chef de lá, Erick Jacquin, vale o que custa. (Aproveite para comer também o que vier acompanhando o purê -o chef não costuma decepcionar.)


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