|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Autora investiu na crônica de costumes
DA REPORTAGEM LOCAL
Na difícil tarefa de apanhar
histórias sobre a vida da
"inimiga do rei", como Bárbara
de Alencar é tratada, a jornalista
Ariadne Araújo fez um livro com
feições didáticas, mas economizou nas tintas da objetividade -o
que foi um bom ganho de causa.
Preferiu investir na crônica de
costumes -a partir de livros de
viajantes famosos-, capaz de
descrever os trajes e hábitos da
"vida simples da vila do Crato",
além de mostrar, o que é um atrativo à parte, a velocidade da informação naquele período, primeira
metade do século 19.
Sabe-se, por exemplo, quanto
tempo a população do Cariri demorou para saber do Grito do Ipiranga, noticiado na região dois
meses e dez dias depois do 7 de setembro de 1822.
"Bárbara de Alencar", de Ariadne Araújo, livro da coleção Terra
Bárbara -reunião de pequenas
biografias de personagens da história do Brasil feita no Nordeste-, recupera ainda a dramaticidade de alguns momentos mais
tensos na vida da presa política do
Cariri, como a viagem, em lombo
de cavalo, dos cerca de 500 quilômetros entre o Crato e Fortaleza,
em 1818 -ela havia sido presa no
ano anterior.
Bárbara era a única mulher no
meio de um batalhão de homens
condenados por tentar derrubar a
tirania real. "Segue quase em
transe", anota a autora, repórter
do jornal "O Povo", de Fortaleza.
Nada fácil achar material sobre
a heroína sem rosto, registra
Ariadne Araújo. Na escassez de
documentos e anotações, a jornalista deixa um apanhado decente.
Coisa de quem gastou muita sola
de sapato e horas de pesquisa para
retirar da clandestinidade essa
mulher de batismo muito mais do
que apropriado.
(XICO SÁ)
Bárbara Alencar
Autora: Ariadne Araújo
Editora: Fundação Demócrito Rocha,
Fortaleza (www.fdr.com.br)
Quanto: R$ 5 (62 págs.)
Texto Anterior: Literatura: História apaga rosto de primeira presa política do Brasil Próximo Texto: Walter Salles Índice
|