São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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AUTOR USA IMAGENS PARA FAZER IRONIA

Breton pontuou "Nadja" com fotografias de Paris, retratos de amigos (como os poetas Benjamin Péret e Robert Desnos) e fac-símiles de obras surrealistas e cubistas. Para um autor que recusava os romances naturalistas e que no "Manifesto Surrealista" lançou farpas contra um monumento da literatura francesa como Stendhal, parece contraditório o uso da reprodução documental. Trata-se, porém, de um procedimento irônico.
"Nadja" é, supostamente, um artefato antiliterário, um flagrante da paisagem interior do autor. Ao expor essas imagens, ele dá concretude aos lugares de Paris descritos no livro. No entanto, como observou Walter Benjamin, tais imagens são como as ilustrações de romances populares. Rostos e monumentos equivalem a quinquilharias que iluminam a ausência de Nadja, a máscara ficcional à qual Breton confia a busca de uma identidade que se recusa a ser congelada em imagem.


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