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DISCO/CRÍTICA
Stones voltam cheios de idéias novas em "Bridges to Babylon"
ROGÉRIO SIMÕES
da Reportagem Local
Quando abalavam as estruturas
conservadoras britânicas nos anos
60, os então rapazes dos Rolling
Stones jamais poderiam imaginar
que estariam lançando um novo
álbum de estúdio em 1997.
Mas, com o tempo, os agora vovôs do rock tiveram de se acostumar com a idéia de fazer música
depois dos 50, chegando ao novo
trabalho, "Bridges to Babylon",
cheios de idéias novas.
Mas quem precisa de idéias novas? Certamente não Mick Jagger,
Keith Richards, Ron Wood e
Charlie Watts, que podem ter 100
mil pessoas a seus pés apenas pedindo: "Start me up!"
Então por que mexer em time
que sempre ganhou, mesmo
quando não precisava jogar? Talvez porque a próxima vitória já
não fosse tão certa assim.
"Bridges to Babylon" está longe
de ser uma revolução no som dos
Rolling Stones, mas mostra que a
turma sentiu-se obrigada a fazer
alguma coisa nova.
Que ninguém espere encontrar
essa novidade logo na primeira
faixa, "Flip the Switch", um rock
básico como outros parecidos encontrados em muitos álbuns anteriores. Competente? Sem dúvida,
mas muito igual ao que já foi feito
no passado.
"Anybody Seen My Baby"
-primeira das três faixas com a
colaboração dos Dust Brothers na
produção- é outra história.
Apostando numa melodia fácil e
num baixo contagiante, a banda
conseguiu fazer do primeiro single
do disco uma agradável surpresa:
uma linda balada para ouvir na
pista de dança.
"Low Down", um rock sem
muita graça, e "Already Over
Me", uma balada acústica simples,
sem novidades, mantêm a idéia de
jogar apenas para segurar o resultado.
Já em "Gunface" é possível perceber ousadias na guitarra e na bateria. Charlie Watts, aliás, até que
tenta criar algo diferente no disco,
principalmente nesta bem arranjada faixa, fugindo um pouco de
sua batida tradicional.
A impressão de o disco ter mudado de banda vem com "You
Don't Have to Mean It", uma canção com um toque caribenho, mas
sem muita graça.
Em "Out of Control", o grupo
encontra um bom momento, numa balada que se transforma num
rock de bastante força.
"Saint of Me", outra produzida
pelos Dust Brothers, vale novamente pela tentativa (nem sempre
com sucesso) de Charlie Watts de
sair do seu convencional, buscando uma batida nova.
O "novo" Stones patrocina o
maior salto em "Might as Well Get
Juiced", a terceira produção dos
Brothers, com batida eletrônica e
sintetizadores.
Não é uma música ruim, mas,
assinada com a grife Rolling Stones, soa de forma estranha.
Depois de outra balada, "Always Suffering", finalmente aparece um rock digno do nome da
banda, "Too Tight", aquela música que o fã de carteirinha esperava
ouvir.
"Thief in The Night" é outra
canção lenta que apenas prepara
para a última faixa, "How Can I
Stop", cantada por Richards, com
um arranjo típico de grupos de
soul. Um final à altura dos melhores momentos do grupo.
Keith Richards disse que "Bridges to Babylon" não foi pensado
para ser um disco qualquer. Talvez
por isso possa não agradar muitos
fãs. Falta, digamos, um pouco
mais de rock & roll.
Mas os Rolling Stones decidiram
arriscar. Mudaram um pouco a
forma de jogar e estão com uma
ambiciosa turnê, cujo site na Internet até permite votar em uma
música para ser tocada nos shows.
A aposentadoria deverá sair em
breve, tenham certeza, mas até lá
ainda vale a pena ouvi-los, mesmo
com algumas pisadas na bola.
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