São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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"Filme pornô é Viagra barato"

da Sucursal do Rio

O primeiro canal pornô exibido pelas TVs a cabo no Brasil foi o Canal Adulto, montado pela TV Filme, de Brasília. Ele tem por símbolo uma pimenta malagueta e já conquistou 20 mil assinantes.
Segundo o gerente corporativo da TV Filme, Ivan Barcellos, os clientes ligavam pedindo filmes pornôs. A empresa que explora TV paga também em Belém e Goiânia resolveu fazer uma pesquisa para testar a aceitação de um canal de sexo explícito, e 15% dos assinantes responderam positivamente.
"Procuramos um canal no Brasil, e não havia nenhum disponível. Decidimos comprar os filmes no exterior e montar nossa própria programação", relata Barcellos. O canal foi ao ar pela primeira vez em abril do ano passado.
Passado quase um ano e meio de experiência, a TV Filme conseguiu traçar um perfil razoável do usuário. Como o canal é bloqueado e a liberação depende de senha, a empresa conseguiu identificar alguns padrões de comportamento desse usuário.
A primeira revelação surpreendente é a de que as mulheres respondem por metade da audiência do canal. Elas assistem aos filmes à tarde, quando, provavelmente, as crianças estão na escola.
O "horário nobre", segundo Barcellos, é entre as 23h e as 2h, quando o canal pornô só perde para os canais de esporte e de filmes comuns HBO e Cinemax oferecidos pela TV Filme.
Pela manhã, o canal tem audiência das 7h às 8h, quando, provavelmente, o casal ainda está na cama, pois é o homem, em geral, que pede o desbloqueio nesse horário. "O filme pornô é um Viagra barato e une o casal", filosofa Barcellos.
No resto da manhã, praticamente não há audiência. O desbloqueio só volta a ser requisitado a partir do meio da tarde, sobretudo pelas mulheres.
Barcellos diz que o Canal Adulto é um sucesso de venda e já está sendo transmitido por sete TVs a cabo independentes: Alphaville (SP), Fortaleza (CE), Peruíbe (SP), Blumenau (SC), Campo Mourão (PR), Presidente Prudente (SP) e Angra dos Reis (RJ).
O diretor diz que o assinante tem ciclos de consumo. Em geral, ele se enjoa após seis meses e cancela a assinatura. Dois meses depois, no entanto, sente falta do "estímulo extra" e volta a pagar pelo canal.



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