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POLÍTICA CULTURAL
Com Organizações Sociais, pasta de João Batista de Andrade passa a ter orçamento de R$ 380 mi em 2006
Secretário aumenta controle dos museus
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vias de implantação, as Organizações Sociais (OS) que irão
gerenciar os museus do Estado terão maior controle do poder público. Modelo que começou a ser
introduzido na gestão de Cláudia
Costin, as OS foram assumidas
pelo atual secretário, João Batista
de Andrade, mas com ressalvas. A
principal função de uma OS é regularizar a situação de funcionários que prestam serviços e são
contratados de forma irregular,
como se fossem temporários.
Algumas já em andamento, como a da Orquestra Sinfônica do
Estado, a dos teatros e a da Casa
das Rosas, as OS dos museus tinham um prazo acordado com o
Ministério Público do Trabalho
para serem implantadas até amanhã. "Desde que entrei, tenho
conversado com o Ministério Público do Trabalho e prorrogamos
o prazo até o final de dezembro",
disse Andrade à Folha. Caso não
tivesse efetivado o acordo, os museus poderiam fechar, já que instituições como a Pinacoteca, por
exemplo, possui 150 funcionários,
dos quais só sete são regulares.
Entretanto, apesar de seguir, em
linhas gerais, o modelo proposto
por Costin, Andrade busca evitar
o que tem sido apontado como
uma privatização das ações públicas. "Estou propondo que, além
do conselho da OS, que é quem
administra a instituição, seja criado um outro conselho acima deste, nomeado pelo governador,
que fica verificando se o órgão
atua de acordo com sua função."
Segundo Andrade, a partir das
OS já em andamento, foi possível
detectar falhas no modelo: "É preciso criar mecanismos de controle
e não deixar que a OS pareça um
organismo livre da secretaria, afinal temos poder de a qualquer
momento romper com o contrato
de gestão. Precisamos criar uma
cultura de relacionamento".
Um dos contratempos gerados
por tal modelo é a exagerada intervenção do patrocinador, já que
o Estado se compromete a financiar basicamente o custeio das
instituições, e não suas atividades
temporárias. "Pelo que tenho conhecimento, a única crítica nesse
sentido é em relação à Casa das
Rosas, mas ainda não tive tempo
de ir lá. Só acho que temos que tomar cuidado para não desvirtuar
a importância do patrocinador,
pois sem o patrocínio as atividades das entidades não agüentam."
A questão na Casa das Rosas é
que o patrocinador, a empresa
Sony, realiza lá uma mostra sobre
a história do walkman, ou seja,
um produto comercial, e, como
constatou a reportagem da Folha,
funcionários da Sony solicitam o
endereço do visitante para divulgar os novos produtos e comentam sobre suas vantagens.
Na quarta, Andrade anunciou
ainda um substancial aumento no
orçamento de sua pasta, que de
R$ 270 milhões passa para R$ 380
milhões em 2006. "Em parte isso
ocorre por conta das OS, mas nesse valor também está embutido o
orçamento do Memorial da América Latina e da TV Cultura", diz.
Por conta das OS, o Departamento de Museus passa de R$ 4,5
milhões para R$ 14 milhões, valor
ainda insuficiente. Só a Pinacoteca, por exemplo, precisaria de R$
15 milhões para continuar funcionando como está. Já a Orquestra
Sinfônica foi bastante agraciada.
Seu orçamento passou de cerca de
R$ 22 milhões para R$ 43 milhões.
O secretário também entregou à
Assembléia Legislativa um projeto de lei criando o Programa de
Ação Cultural, versão paulista da
lei de incentivo à cultura. Segundo ele, o projeto prevê mecanismos com renúncia fiscal e ação de
patrocínio direto a partir do Fundo Estadual de Cultura. Pela renúncia fiscal estima-se como teto
o valor de R$ 85 milhões; por ação
direta, isso ainda será definido.
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