São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Com Organizações Sociais, pasta de João Batista de Andrade passa a ter orçamento de R$ 380 mi em 2006

Secretário aumenta controle dos museus

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em vias de implantação, as Organizações Sociais (OS) que irão gerenciar os museus do Estado terão maior controle do poder público. Modelo que começou a ser introduzido na gestão de Cláudia Costin, as OS foram assumidas pelo atual secretário, João Batista de Andrade, mas com ressalvas. A principal função de uma OS é regularizar a situação de funcionários que prestam serviços e são contratados de forma irregular, como se fossem temporários.
Algumas já em andamento, como a da Orquestra Sinfônica do Estado, a dos teatros e a da Casa das Rosas, as OS dos museus tinham um prazo acordado com o Ministério Público do Trabalho para serem implantadas até amanhã. "Desde que entrei, tenho conversado com o Ministério Público do Trabalho e prorrogamos o prazo até o final de dezembro", disse Andrade à Folha. Caso não tivesse efetivado o acordo, os museus poderiam fechar, já que instituições como a Pinacoteca, por exemplo, possui 150 funcionários, dos quais só sete são regulares.
Entretanto, apesar de seguir, em linhas gerais, o modelo proposto por Costin, Andrade busca evitar o que tem sido apontado como uma privatização das ações públicas. "Estou propondo que, além do conselho da OS, que é quem administra a instituição, seja criado um outro conselho acima deste, nomeado pelo governador, que fica verificando se o órgão atua de acordo com sua função."
Segundo Andrade, a partir das OS já em andamento, foi possível detectar falhas no modelo: "É preciso criar mecanismos de controle e não deixar que a OS pareça um organismo livre da secretaria, afinal temos poder de a qualquer momento romper com o contrato de gestão. Precisamos criar uma cultura de relacionamento".
Um dos contratempos gerados por tal modelo é a exagerada intervenção do patrocinador, já que o Estado se compromete a financiar basicamente o custeio das instituições, e não suas atividades temporárias. "Pelo que tenho conhecimento, a única crítica nesse sentido é em relação à Casa das Rosas, mas ainda não tive tempo de ir lá. Só acho que temos que tomar cuidado para não desvirtuar a importância do patrocinador, pois sem o patrocínio as atividades das entidades não agüentam."
A questão na Casa das Rosas é que o patrocinador, a empresa Sony, realiza lá uma mostra sobre a história do walkman, ou seja, um produto comercial, e, como constatou a reportagem da Folha, funcionários da Sony solicitam o endereço do visitante para divulgar os novos produtos e comentam sobre suas vantagens.
Na quarta, Andrade anunciou ainda um substancial aumento no orçamento de sua pasta, que de R$ 270 milhões passa para R$ 380 milhões em 2006. "Em parte isso ocorre por conta das OS, mas nesse valor também está embutido o orçamento do Memorial da América Latina e da TV Cultura", diz.
Por conta das OS, o Departamento de Museus passa de R$ 4,5 milhões para R$ 14 milhões, valor ainda insuficiente. Só a Pinacoteca, por exemplo, precisaria de R$ 15 milhões para continuar funcionando como está. Já a Orquestra Sinfônica foi bastante agraciada. Seu orçamento passou de cerca de R$ 22 milhões para R$ 43 milhões.
O secretário também entregou à Assembléia Legislativa um projeto de lei criando o Programa de Ação Cultural, versão paulista da lei de incentivo à cultura. Segundo ele, o projeto prevê mecanismos com renúncia fiscal e ação de patrocínio direto a partir do Fundo Estadual de Cultura. Pela renúncia fiscal estima-se como teto o valor de R$ 85 milhões; por ação direta, isso ainda será definido.


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