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LITERATURA
Em solenidade, economista faz discurso severo contra o capitalismo
Belluzzo recebe Prêmio Juca Pato
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi sem poupar palavras duras
sobre os rumos do capitalismo
que o economista e escritor Luiz
Gonzaga de Mello Belluzzo, 63,
recebeu, na noite de anteontem, o
troféu Juca Pato - Intelectual do
Ano de 2004. O prêmio é promovido pela União Brasileira de Escritores e tem patrocínio da Folha. A solenidade ocorreu no auditório da Academia Paulista de
Letras, em São Paulo.
Belluzzo concorreu ao prêmio
com seu livro "Ensaios sobre o
Capitalismo no Século 20" (editora Unesp), publicado em 2004. No
discurso que proferiu ao recebê-lo, o economista perpassou alguns dos assuntos de que trata no
livro e, após uma leitura política e
econômica da segunda metade do
século passado, disse que "a avareza é um vício, a usura, uma contravenção, e o amor ao dinheiro,
algo detestável".
"A crise brasileira não é fruto da
banalidade do mal, mas dos males
da banalidade", declarou o economista. Antes, já fizera críticas a
Bush, que, segundo ele, faz "prevalecer uma lógica da cacetada", e
ao Fórum Econômico de Davos,
"onde os poderosos do mundo
imaginam dar conta da vida dos
homens". "Hoje, tudo o que vemos são cadáveres na enxurrada
da globalização", completou.
Belluzzo é professor titular do
Departamento de Economia e
Planejamento Econômico da
Unicamp e foi secretário de Política Econômica do Ministério da
Fazenda entre 1985 e 1987. Ele recebeu o troféu das mãos do escritor e diplomata Alberto da Costa e
Silva, vencedor do prêmio em
2003, de quem se declarou herdeiro intelectual. Belluzzo também
agradeceu pela "leitura muito generosa" de seu livro que o diplomata fez logo antes, na cerimônia.
Em seu discurso, Costa e Silva
ressaltou a pessoalidade, o coloquialismo e o humor da obra de
Belluzzo. "O homem é o verdadeiro tema de seus ensaios, e não o
homo economicus", disse.
Também estavam presentes na
cerimônia o presidente da UBE,
Levi Bucalem Ferrari, e o presidente da APL, Ives Gandra Martins. Na platéia, havia personalidades como a escritora Lygia Fagundes Telles e o crítico literário
Fábio Lucas, ganhador do prêmio
em 1991. Ferrari aproveitou a ocasião para homenagear Antonio
Rezk, que era vice-presidente da
UBE quando morreu, em agosto
deste ano. Segundo Ferrari, Rezk
foi o principal articulador da candidatura de Belluzzo ao Juca Pato.
O Prêmio Intelectual do Ano foi
criado em 1962 por Marcos Rey,
fundador da UBE. O troféu é uma
estatueta que reproduz a figura de
Juca da Silva Pato, personagem
criado pelo jornalista e chargista
Belmonte. Entregue anualmente,
pode ser disputado por autores de
livro publicado no ano anterior,
em qualquer gênero ou modalidade, inscritos através de uma lista indicada por 30 sócios da UBE. A votação é nacional.
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