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33ª MOSTRA DE SP
"Metropia" usa fotos como base
Animação sombria exibida em Veneza-09 tem as vozes dos atores Vincent Gallo e Juliette Lewis
"As pessoas esperam ver em filmes de animação uma coisa positiva, mas nunca haverá um McLanche Feliz de "Metropia", diz diretor
FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL
A voz de Vincent Gallo continua a mesma, meio frágil, delicada, estranha. Todo o resto é
diferente, afinal de contas estamos falando de um filme de
animação, "Metropia", ainda
que feito com uma técnica inovadora que usa como base fotografias de gente de verdade.
Gallo empresta sua voz ao
protagonista Roger, um homem franzino, careca e tatuado, que lidera uma trama de paranoia conspiratória, envolvendo uma marca de xampu
azul, numa Europa sombria conectada por câmeras e trens
subterrâneos. Uma história tão
esquisita como os filmes estrelados pelo ator americano.
A atriz e cantora conterrânea
Juliette Lewis dá voz à loira
misteriosa do metrô, Nina, que
leva Roger nessa aventura futurística, de Paris a Estocolmo.
"As pessoas esperam ver em
filmes de animação uma coisa
pra cima, positiva. Mas nunca
haverá um McLanche Feliz de
"Metropia'", avisou o diretor
Tarik Saleh, sueco de ascendência egípcia, em passagem
pela 33ª Mostra, em sua terceira visita a São Paulo.
A primeira foi com seu filme
de estreia, "Sacrifício" (2001),
premiado no Brasil, que confrontou a história oficial sobre
a morte do revolucionário Che
Guevara; e a segunda foi com
"Gitmo" (2005), sobre presos
de Guantánamo, em Cuba.
Para o diretor, os três filmes
falam da mesma coisa: "Sou obcecado pela ideia do cara pequeno que luta contra o sistema", disse Saleh, que foi grafiteiro na Suécia por 15 anos antes de fazer cinema. "A estética,
a criatividade, "Metropia" tem o
mesmo espírito do grafite."
Antes de filmar "Metropia",
Saleh e o diretor de arte, Martin
Hultman, criaram cerca de 30
curtas de animação para desenvolver uma nova técnica, apelidada de "boneca de papel". "É
baseada em fotografias, mas
não é fotografia. Usamos as texturas das fotos, tiramos os
olhos de um, a boca de outro e
vamos assim construindo um
personagem", explicou Hultman. "Utilizamos um software,
mas de maneira errada. Em vez
de criar efeitos especiais, nós
fazemos animação."
Roger, por exemplo, é baseado no chef de um restaurante
de Estocolmo, que posou para
centenas de fotografias, assim
como outras 400 pessoas.
Para fazer a voz, o diretor tinha dois atores em mente -o
comediante Adam Sandler,
quando o filme ainda tinha
chances de ter uma pegada
mais comédia, e Gallo, que gostou da ideia de não ter que representar mais um galã.
"Ele me falou que não queria
mesmo que o personagem fosse parecido com ele, mas, quando viu Roger pronto, não gostou nada do que viu. Disse que
parecia o [diretor argentino]
Gaspar Noé", disse Saleh.
Mais animação
O festival traz outras duas
animações curiosas: "O Fantástico Sr. Raposo" (leia ao lado), e
o belga "A Town Called Panic",
de Stéphane Aubier e Vincent
Patar (hoje, às 22h40, no Unibanco Arteplex 1; livre), que usa
bonequinhos de plástico, como
um caubói e um índio, para
contar uma história anárquica.
METROPIA
Quando: amanhã, às 16h, no Cine
Bombril, e sábado, às 22h, no Cinemark Shopping Eldorado
Classificação: 12 anos
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