São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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33ª MOSTRA DE SP

"Metropia" usa fotos como base

Animação sombria exibida em Veneza-09 tem as vozes dos atores Vincent Gallo e Juliette Lewis

"As pessoas esperam ver em filmes de animação uma coisa positiva, mas nunca haverá um McLanche Feliz de "Metropia", diz diretor

FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

A voz de Vincent Gallo continua a mesma, meio frágil, delicada, estranha. Todo o resto é diferente, afinal de contas estamos falando de um filme de animação, "Metropia", ainda que feito com uma técnica inovadora que usa como base fotografias de gente de verdade. Gallo empresta sua voz ao protagonista Roger, um homem franzino, careca e tatuado, que lidera uma trama de paranoia conspiratória, envolvendo uma marca de xampu azul, numa Europa sombria conectada por câmeras e trens subterrâneos. Uma história tão esquisita como os filmes estrelados pelo ator americano. A atriz e cantora conterrânea Juliette Lewis dá voz à loira misteriosa do metrô, Nina, que leva Roger nessa aventura futurística, de Paris a Estocolmo. "As pessoas esperam ver em filmes de animação uma coisa pra cima, positiva. Mas nunca haverá um McLanche Feliz de "Metropia'", avisou o diretor Tarik Saleh, sueco de ascendência egípcia, em passagem pela 33ª Mostra, em sua terceira visita a São Paulo. A primeira foi com seu filme de estreia, "Sacrifício" (2001), premiado no Brasil, que confrontou a história oficial sobre a morte do revolucionário Che Guevara; e a segunda foi com "Gitmo" (2005), sobre presos de Guantánamo, em Cuba. Para o diretor, os três filmes falam da mesma coisa: "Sou obcecado pela ideia do cara pequeno que luta contra o sistema", disse Saleh, que foi grafiteiro na Suécia por 15 anos antes de fazer cinema. "A estética, a criatividade, "Metropia" tem o mesmo espírito do grafite." Antes de filmar "Metropia", Saleh e o diretor de arte, Martin Hultman, criaram cerca de 30 curtas de animação para desenvolver uma nova técnica, apelidada de "boneca de papel". "É baseada em fotografias, mas não é fotografia. Usamos as texturas das fotos, tiramos os olhos de um, a boca de outro e vamos assim construindo um personagem", explicou Hultman. "Utilizamos um software, mas de maneira errada. Em vez de criar efeitos especiais, nós fazemos animação." Roger, por exemplo, é baseado no chef de um restaurante de Estocolmo, que posou para centenas de fotografias, assim como outras 400 pessoas. Para fazer a voz, o diretor tinha dois atores em mente -o comediante Adam Sandler, quando o filme ainda tinha chances de ter uma pegada mais comédia, e Gallo, que gostou da ideia de não ter que representar mais um galã. "Ele me falou que não queria mesmo que o personagem fosse parecido com ele, mas, quando viu Roger pronto, não gostou nada do que viu. Disse que parecia o [diretor argentino] Gaspar Noé", disse Saleh.
Mais animação O festival traz outras duas animações curiosas: "O Fantástico Sr. Raposo" (leia ao lado), e o belga "A Town Called Panic", de Stéphane Aubier e Vincent Patar (hoje, às 22h40, no Unibanco Arteplex 1; livre), que usa bonequinhos de plástico, como um caubói e um índio, para contar uma história anárquica. METROPIA
Quando: amanhã, às 16h, no Cine Bombril, e sábado, às 22h, no Cinemark Shopping Eldorado Classificação: 12 anos

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