São Paulo, quinta, 29 de outubro de 1998

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Cacilda!

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Bete Coelho em "Cacilda!", que estréia hoje no teatro Oficina



Cacilda Becker (1921-1969), principal atriz do teatro brasileiro, é tema da montagem de José Celso; a peça estréia hoje, com Bete Coelho e Giulia Gam


MARIO VITOR SANTOS
da Reportagem Local

Com a estréia hoje de "Cacilda!", o teatro Oficina, dirigido há 40 anos por José Celso Martinez Corrêa, incorpora grandes atrizes ao elenco, ganha mais fluidez dramática e sofisticação técnica.
Bete Coelho está à frente do time de atrizes. Ela e Giulia Gam revezam-se na interpretação da vida e morte de Cacilda Becker, grande dama do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) nos anos 50.
O novo Oficina apresenta também Ligia Cortez, filha de Raul Cortez e Célia Helena, atriz do grupo nos anos 60. Ligia fará a mãe de Cacilda, dona Alzira, e vários outros papéis, inclusive um alusivo à atriz Ruth Escobar.
Iara Jamra e Mika Lins interpretam, respectivamente, as irmãs Dirce e Cleyde Yáconis. O próprio Zé Celso fará o papel do maior de todos os diretores de Cacilda, (o polonês Zbigniew) Ziembinski.
Marcelo Drummond é um dos poucos atores remanescentes da formação do Oficina que participou da reabertura do teatro, com "Ham-let", em 1993. Ele interpreta o ator Walmor Chagas, marido de Cacilda, e seu Yáconis, o pai.
Fransérgio Araújo representa Venâncio, namorado na adolescência, e outros papéis. Ariel Borghi, filho de Estér Goes e Renato Borghi, integrantes do Oficina dos anos 60, fará o artista plástico Flávio de Carvalho.
Nascida em 1921, Cacilda morreu de aneurisma cerebral em 1969. O derrame ocorreu no intervalo de uma apresentação de "Esperando Godot", texto do irlandês Samuel Beckett.
"Cacilda!" é a primeira parte de uma trilogia. Tem duração de quatro horas, em dois atos. Aborda o coma da atriz, que se prolongou por 40 dias. Numa atmosfera de delírio, Cacilda relembra a infância, os amores, personagens de suas peças, contracena com teatros de outros estilos, morre e renasce.
Um dos diversos pontos altos do espetáculo é o "cortejo pós-Thomas", ao estilo da Companhia de Ópera Seca, de Geral Thomas. O cortejo culmina com a decapitação ritual da atriz.
O primeiro ato da peça já representa uma ruptura na linha dos trabalhos do grupo. A ação é linear, cômica e romântica.
No segundo, quando Giulia Gam assume o papel-título, predominam as sequências caóticas e a encenação ritualística.
Para desenvolver o papel, Bete Coelho não procurou imitar Cacilda. Só mais recentemente foi checar imagens de época. Impressionou-a a pergunta que, na peça "A Luz dos Meus Olhos", Cacilda faz a si mesma: "Em que espelho eu perdi a minha face?". As luzes do espelho de Cacilda, afinal, se acendem hoje à noite.
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Peça: Cacilda!
Direção: José Celso Martinez Corrêa
Com: Bete Coelho, Giulia Gam, José Celso Martinez Corrêa, Marcelo Drummond, Ligia Cortez, Iara Jamra, Mika Lins, Fransérgio Araújo, Patrícia Winceski, Renée Gumiell, Fernando Coimbra, Camila Mota, Sylvia Prado, Ariel Borghi, Flávio Rocha, Odara Carvalho, Theo Solnik e coros
Quando: hoje, 21h (estréia, para convidados); nesta primeira semana, sáb., às 21h, dom., às 19h, e seg., às 19h (apresentação extra); a partir de 6/11, sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h
Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, tel. 011/3104-0678)
Quanto: R$ 30 (sáb.) e R$ 25 (sex., dom. e seg.)




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