São Paulo, quinta, 29 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA
Cultura estuda fórmula de incentivo à exibição de filmes nacionais com base na taxação da produção estrangeira
Weffort quer onerar o "lixo internacional'

da Sucursal de Brasília

A decisão política está tomada, só falta escolher a melhor dentre as várias propostas existentes. O ministro da Cultura, Francisco Weffort, disse anteontem que está estudando uma fórmula de incentivo à exibição do cinema nacional e que a fórmula mais provável deve ser a taxação do "lixo cinematográfico internacional". A decisão sai até o final de novembro.
A comissão de cinema do ministério, que reúne técnicos, diretores, produtores e exibidores, vai se reunir no próximo dia 6 de novembro para discutir o assunto. "Quero ouvir todas as partes. Em novembro sairá uma portaria com a medida", confirmou Weffort.
O ministério decidiu taxar o "lixo internacional" depois de constatar, por meio de um levantamento feito nas 395 salas de exibição informatizadas, que, em 1997, pelo menos 80 filmes tiveram menos de 10 mil espectadores. Desses, apenas dois eram nacionais. Ao todo, o Brasil tem 1.300 salas de exibição. Os produtos nacionais são 8% da oferta, com público entre 5% a 6%.
Muitos dos filmes que, segundo o ministério, só fazem "preencher espaço", são exibidos porque foram importados como contrapeso dentro de um pacote onde existia um filme de grande bilheteria.
"Estão importando coisas que não têm mercado, mas ocupam mercado dos nossos filmes. Por isso, virá um procedimento que onere esse tipo de filme, para que o importador pense duas ou mais vezes antes de fechar o negócio."
Moacir de Oliveira, secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, disse à Folha que uma das hipóteses é aumentar a taxa de registro dos produtos, a partir de uma certa quantidade de filmes importados. Hoje, qualquer produto paga uma taxa de R$ 1.025 por segmento a explorar (sala de cinema, vídeo, TV aberta, TV paga etc).
A idéia em estudo prevê que, a partir de uma certa quantidade de filmes comprados no exterior, essa taxa por produto excedente seja tão alta que desistimule a importação indiscriminada. Outra opção é taxar as cópias feitas aqui.
A política cultural de incentivo à exibição prevê ainda a abertura de uma linha de crédito especial, com juros subsidiados, para lançamento de filmes brasileiros.
² Filmes no MoMA
O Ministério da Cultura divulgou ontem a lista dos 60 longas e 17 curtas que, no próximo dia 12 de novembro, começam a ser exibidos na mostra "Cinema Novo and Beyond", no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
São 21 filmes dos anos 60, 14 dos anos 70, 12 dos anos 80 e 13 dos 90. Para o próximo ano está sendo programada outra mostra especial de cinema brasileiro dos anos 90. Será em Londres, sob coordenação do British Institut of Film.
(RUI NOGUEIRA)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.