Os filmes "Matrix" e "Cubo" exploram a fronteira entre o que é e o que parece ser

"MATRIX"

ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio


Em um momento crucial do filme "Matrix", que acaba de ser lançado em VHS e DVD, o personagem Neo (Keanu Reeves) é obrigado a decidir entre a verdade sobre o mundo que o cerca, materializada em uma pílula vermelha, e a ignorância, representada pela azul. Felizmente, escolhe a vermelha, e o espectador tem a chance de assistir a um dos melhores filmes do ano.
Neo é um cracker (invasor de sistemas de computadores) que descobre (na cena das pílulas) que o mundo é uma realidade virtual (a Matrix do título) criada por uma raça de robôs, que escravizou a raça humana após vencê-la em uma guerra. Ele é o escolhido, capaz de fazer qualquer coisa na realidade virtual e de enfrentar a supremacia das máquinas.
Neo se junta a um grupo de pessoas que se conecta à Matrix e, vestindo roupas de couro da última moda, uns óculos legais e usando o novo modelo de celular da Nokia, enfrenta os guardiães desse mundo virtual.
Os heróis não primam pela sutileza. Embora digam que estão ali para libertar os humanos, não hesitam em matá-los pelo que acreditam ser o bem comum. É verdade que não faz muito sentido, mas é divertido.
"Matrix" não é assim cínico por acaso. Seu referencial básico é o movimento cyberpunk, ramo da ficção científica que fala de um futuro triste, no qual os humanos começam a trocar partes de seus corpos por próteses e conectam seus cérebros a computadores.
O que "Matrix" tem de melhor é a capacidade de tratar com maestria o cyberpunk, que não vinha sendo bem explorado no cinema. Estava espalhado por livros e histórias em quadrinhos, esperando para ser aproveitado. Finalmente aconteceu.
"Matrix" mistura um pouco de tudo: romance, ação, tiroteios, explosões e referências a mitologia e ficção científica. A gama de assuntos que a história aborda é tão ampla que, para uma parte significativa do público, "Matrix" é uma história de ação e, para outra, ficção científica. Para que todos se divirtam, basta lembrar que é só um filme.

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