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TELEVISÃO
Final de "Seinfeld" acirra competição nos EUA
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Nova York
O ano termina na TV norte-americana com o anúncio do fim de
"Seinfeld". Esta será a nona e última temporada da comédia preferida dos norte-americanos, exibida no Brasil pelo canal Sony. Com
"Plantão Médico", "Seinfeld"
garante o sucesso da rede NBC nas
noites de quinta-feira, um sucesso
que rende cerca de US$ 1 bilhão
anuais à emissora.
A interrupção ameaça o domínio
que a NBC exerce atualmente no
mercado norte-americano e aquece a competição entre as emissoras
abertas. O desafio é o de colocar no
ar uma novidade que consiga
atrair audiências cada vez mais
dispersas entre os canais a cabo.
A decisão de retirar "Seinfeld"
do ar contraria a emissora e partiu
de Jerry Seinfeld, criador e principal ator do seriado. Após longa negociação com o resto da equipe e
com os principais dirigentes da
NBC, Seinfeld manteve sua intenção de parar enquanto está em alta, mesmo que isso signifique a recusa do que a imprensa classifica
como o contrato mais lucrativo já
proposto na televisão.
"Seinfeld" deriva sua popularidade da leveza sem maiores pretensões com que trata as neuroses
do dia-a-dia de Nova York. O seriado se apresenta como uma extensão personalizada do cotidiano
dos espectadores. Pode ser pensado como uma versão leve e engraçada da ansiedade corriqueira que
justifica o mau humor e o tratamento grosseiro usualmente atribuído à cidade grande.
"Seinfeld" promove o riso sem
maiores consequências. Mas só é
capaz desse feito porque se apresenta como fortemente conectado
com a "realidade".
Além de concentrar em si as
principais funções criativas do
programa, Jerry Seinfeld representa a si mesmo.
O humorístico se vale de convenções estabelecidas em "sitcoms" clássicos, atualizadas para
os anos 90. Em vez das desventuras
de uma família de classe média,
trata das angústias autocentradas
de um grupo de amigos.
Mas o que era novidade no início
dos anos 90 perdeu o frescor no
fim da década. Embora Seinfeld
negue alguma relação, sua decisão
foi tomada após as primeiras críticas negativas recebidas pelo seriado no início da temporada.
A decisão de suspender o segundo programa mais lucrativo da TV
dos EUA e a recusa de um contrato
milionário estimado em US$ 5 milhões por episódio foi classificada
de emocional pela imprensa.
Talvez a conexão com a "realidade" tenha funcionado a ponto
de abalar a convicção do criador-personagem. Os fãs de "Seinfeld" terão que se contentar com a
exibição de episódios repetidos do
seriado.
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