São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2001

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PROJETO

Mais importante museu de design do mundo ganha no cais espaço expositivo assinado por Paulo Mendes da Rocha

Porto do Rio terá ramo do Vitra Museum

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o porto do Rio de Janeiro vai ou não ter seu Guggenheim, ainda não se sabe. Certo é que o embarcadouro vai alojar, em um de seus antigos armazéns, um pezinho do Vitra, mais importante museu de design do mundo.
"Não diria ainda que vai ser um Vitra Design Museum no Brasil", responde discretamente Mauro Dotto, 40, dono da empresa que leva seu sobrenome e representa no Brasil a linha de mobiliário produzida pela corporação Vitra.
"Vai ser um ramo do museu; são coisas que estão em discussão, não posso dar detalhes", ensaia Dotto, até concluir que "vai ser como um "Vitra Point", ao qual traremos exposições itinerantes; não é dinheiro da Vitra, mas tem participação ativa da Vitra".
Essa espécie de braço brasileiro do museu alemão -que tem sedes em Weil e Berlim- integrará um projeto de 12.560 m2, implantado em um armazém de 70 anos, cuja remodelação corre a cargo de Paulo Mendes da Rocha, 73.
Dotto diz que escolheu o arquiteto -autor, por exemplo, do premiado projeto do MuBE e da renovação do prédio de Ramos de Azevedo (1851-1928) que hospeda a Pinacoteca do Estado, ambos em São Paulo- por ser "modernista, limpo". "Não gosto de complicação arquitetônica, não."
O "descomplicado" projeto de Paulo Mendes da Rocha terá, em quatro dos cinco pisos (com área de 2.512 m2 cada um e pé-direito duplo), escritórios, showroom e a futura área de produção da Dotto Import (que, no momento, só comercializa peças de design).
O quinto piso, de igual superfície, terá 1.200 m2 cobertos dedicados a exposições. O restante será um terraço, com cafeteria.
"Será um pequeno pavilhão teto-jardim, com vista para o mar", define Paulo Mendes da Rocha, explicando que ainda está em fase preliminar. "Vai ser um projeto muito lindo, de onde você poderá tomar um café olhando o mar, ver o Guggenheim quando ele estiver lá", sonha Dotto.
"Continuará a ser uma forma de armazém", diz Mendes da Rocha, para quem o projeto "tem graça no âmbito das transfigurações dos edifícios portuários, parte de uma revitalização". Buscando configurar-se como pólo cultural, a área do porto do Rio, além de ambicionar o Guggenheim brasileiro, contará com outras iniciativas, como um centro expositivo no porta-aviões Minas Gerais, adquirido pela Marinha do Brasil em 1956 e desativado este ano.
O espaço projetado para Dotto por Paulo Mendes da Rocha deve começar a sair do papel em abril, quando, espera o empresário, os três pisos originais do armazém, localizado na segunda quadra do porto, já servirão a suas novas funções (escritórios e logística).
A área destinada ao museu ainda não tem data de inauguração. Dotto, no entanto, já tem a parte conceitual pronta: não será somente um local para receber mostras itinerantes do Vitra, que hoje excursionam por museus de primeiro time em todo o mundo.
"Talvez seja o primeiro museu exclusivamente de design do Brasil e vamos tentar criar atividades com universidades, também de folclore, arte brasileira."
O empresário pretende ainda consolidar um acervo. "Já tenho uma coleçãozinha de algumas coisas que não são mais produzidas; por exemplo, tenho uma cadeira do Frank O. Gehry, ele produziu só cem no mundo, se chama "Little Beaver" [castorzinho", e a nossa é a única no Brasil."
Além de peças próprias, como a poltrona de papelão corrugado assinada pelo autor do Guggenheim de Bilbao, ele espera também receber doações, uma vez que, defende, está capitaneando uma iniciativa cultural, "desvinculada da atividade comercial".



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