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PROJETO
Mais importante museu de design do mundo ganha no cais espaço expositivo assinado por Paulo Mendes da Rocha
Porto do Rio terá ramo do Vitra Museum
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o porto do Rio de Janeiro vai
ou não ter seu Guggenheim, ainda
não se sabe. Certo é que o embarcadouro vai alojar, em um de seus
antigos armazéns, um pezinho do
Vitra, mais importante museu de
design do mundo.
"Não diria ainda que vai ser um
Vitra Design Museum no Brasil",
responde discretamente Mauro
Dotto, 40, dono da empresa que
leva seu sobrenome e representa
no Brasil a linha de mobiliário
produzida pela corporação Vitra.
"Vai ser um ramo do museu;
são coisas que estão em discussão,
não posso dar detalhes", ensaia
Dotto, até concluir que "vai ser
como um "Vitra Point", ao qual
traremos exposições itinerantes;
não é dinheiro da Vitra, mas tem
participação ativa da Vitra".
Essa espécie de braço brasileiro
do museu alemão -que tem sedes em Weil e Berlim- integrará
um projeto de 12.560 m2, implantado em um armazém de 70 anos,
cuja remodelação corre a cargo de
Paulo Mendes da Rocha, 73.
Dotto diz que escolheu o arquiteto -autor, por exemplo, do
premiado projeto do MuBE e da
renovação do prédio de Ramos de
Azevedo (1851-1928) que hospeda
a Pinacoteca do Estado, ambos
em São Paulo- por ser "modernista, limpo". "Não gosto de complicação arquitetônica, não."
O "descomplicado" projeto de
Paulo Mendes da Rocha terá, em
quatro dos cinco pisos (com área
de 2.512 m2 cada um e pé-direito
duplo), escritórios, showroom e a
futura área de produção da Dotto
Import (que, no momento, só comercializa peças de design).
O quinto piso, de igual superfície, terá 1.200 m2 cobertos dedicados a exposições. O restante será
um terraço, com cafeteria.
"Será um pequeno pavilhão teto-jardim, com vista para o mar",
define Paulo Mendes da Rocha,
explicando que ainda está em fase
preliminar. "Vai ser um projeto
muito lindo, de onde você poderá
tomar um café olhando o mar, ver
o Guggenheim quando ele estiver
lá", sonha Dotto.
"Continuará a ser uma forma de
armazém", diz Mendes da Rocha,
para quem o projeto "tem graça
no âmbito das transfigurações
dos edifícios portuários, parte de
uma revitalização". Buscando
configurar-se como pólo cultural,
a área do porto do Rio, além de
ambicionar o Guggenheim brasileiro, contará com outras iniciativas, como um centro expositivo
no porta-aviões Minas Gerais, adquirido pela Marinha do Brasil
em 1956 e desativado este ano.
O espaço projetado para Dotto
por Paulo Mendes da Rocha deve
começar a sair do papel em abril,
quando, espera o empresário, os
três pisos originais do armazém,
localizado na segunda quadra do
porto, já servirão a suas novas
funções (escritórios e logística).
A área destinada ao museu ainda não tem data de inauguração.
Dotto, no entanto, já tem a parte
conceitual pronta: não será somente um local para receber mostras itinerantes do Vitra, que hoje
excursionam por museus de primeiro time em todo o mundo.
"Talvez seja o primeiro museu
exclusivamente de design do Brasil e vamos tentar criar atividades
com universidades, também de
folclore, arte brasileira."
O empresário pretende ainda
consolidar um acervo. "Já tenho
uma coleçãozinha de algumas
coisas que não são mais produzidas; por exemplo, tenho uma cadeira do Frank O. Gehry, ele produziu só cem no mundo, se chama "Little Beaver" [castorzinho", e
a nossa é a única no Brasil."
Além de peças próprias, como a
poltrona de papelão corrugado
assinada pelo autor do Guggenheim de Bilbao, ele espera também receber doações, uma vez
que, defende, está capitaneando
uma iniciativa cultural, "desvinculada da atividade comercial".
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