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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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GASTRONOMIA

Alentejo e Douro trazem bons goles lusitanos

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Elas ocupam cantos opostos de Portugal. Também são distintos seus perfis. No Sul, o Alentejo ganha sua calma beleza de suaves colinas cobertas de sobreiros e oliveiras e o Douro, no Norte, dos altos morros escarpados e dos vales profundos que cortam o lugar. Ambas as regiões têm, porém, um importante ponto em comum: têm sido nos últimos anos o berço de alguns dos melhores vinhos tintos lusitanos.
E continuam sendo fonte de belos goles, pelo menos a julgar pelos últimos exemplares que desembarcaram por aqui. Entre as novidades do Alentejo estão os vinhos de Francisco Nunes Garcia que acabaram de estrear no Brasil, dois tintos safra 99, o Reserva e um varietal, o Aragonez, nome dado na região para a uva espanhola Tempranillo.
Garcia é um novo produtor da região e possui cerca de 25 hectares de vinhedos plantados apenas com uvas tintas, como aragonez, trincadeira e alicante bouschet. Aliás, são precisamente essas três variedades que entram no corte do seu Reserva, um vinho tânico ainda, mas com bom corpo e estrutura e bom conteúdo de fruta, bem temperada com madeira. Já o Aragonez é mais redondo e nele a fruta (framboesa, morangos) aparece de forma mais evidente, mesclada com notas de tabaco e baunilha que lhe dão boa complexidade.
Aportou junto com eles a edição 99 do Mouchão, um clássico tinto de ponta alentejano, elaborado (pelo enólogo Paulo Laureano) com uvas alicante, bouschet (e trincadeira). Um pouco menos concentrado que em anos anteriores, o novo Mouchão mostra os aromas exóticos (mentol, especiaria, alecrim, carne) típicos desse belíssimo vinho português.
Do Douro vale a pena conferir o Quinta do Vallado 2000. O tinto é oriundo da quinta do mesmo nome, uma propriedade de cerca de 60 hectares, plantada com uvas típicas da região como tinta roriz (outra denominação da tempranillo), tinta amarela, touriga nacional, touriga franca e tinta barroca que entram no corte do Vallado. Concentrado e com bom corpo, o vinho surpreende pelo seu conteúdo de fruta, que aparece no aroma intenso e no paladar, enchendo a boca com sabores de groselha e framboesa, que perduram num final rico e persistente.


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