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DOCUMENTÁRIO
Produção abarca as várias faces de Henfil
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Há quem diga que qualquer vida, por mais ordinária que seja,
rende empolgantes narrativas.
Em "Edifício Master", por exemplo, atualmente em cartaz na cidade, o documentarista Eduardo
Coutinho prova que o mais pacato dos cidadãos pode ter uma história repleta de reviravoltas.
E que tipo de história rende a vida de um biografado que, além de
cidadão, tem a não muito comum
alcunha "um dos maiores cartunistas brasileiros" e satirizava os
militares em plena ditadura? Inédito na TV aberta -já passou na
rede SescSenac-, o documentário "Henfil em Profissão Cartunista" (2002), que a Cultura exibe
no sábado, tenta resumir, em uma
hora, a trajetória de Henrique de
Souza Filho, o Henfil (1944-1988).
Criador de personagens que entrariam para o imaginário brasileiro como Graúna, Fradinhos e
Ubaldo, o Paranóico, Henfil teve
uma história que trafegava com
facilidade entre a comédia mais
escrachada e insana, o drama rasgado e uma utópica luta política.
Para abarcar tantas saídas possíveis, a diretora, Marisa Furtado
de Oliveira, opta pelo caminho da
sobriedade ao exibir entrevistas
de arquivo com o próprio cartunista e figuras que, de alguma forma, foram ligadas a ele, como Ziraldo, Laerte, Will Eisner (que relembra a rápida e polêmica passagem do "antiamericano" Henfil
pelos jornais americanos), Zuenir
Ventura, Zico, entre outros. Graúna, considerada a personagem
que mais representava Henfil,
aparece em versão animada.
Do lado humorístico, pode-se
verificar que os passos politicamente incorretos de seus personagens ainda podem chocar. As
lágrimas ameaçam surgir quando
relembra-se a debilitada saúde do
cartunista: hemofílico, contrairia
o HIV em uma transfusão de sangue, sendo uma das primeiras vítimas públicas da Aids. Completam o tripé seu envolvimento com
o PT e o movimento operário durante os anos 70.
HENFIL EM PROFISSÃO CARTUNISTA.
Quando: sábado (1º/2) às 21h, na TV
Cultura.
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