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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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DOCUMENTÁRIO

Produção abarca as várias faces de Henfil

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Há quem diga que qualquer vida, por mais ordinária que seja, rende empolgantes narrativas. Em "Edifício Master", por exemplo, atualmente em cartaz na cidade, o documentarista Eduardo Coutinho prova que o mais pacato dos cidadãos pode ter uma história repleta de reviravoltas.
E que tipo de história rende a vida de um biografado que, além de cidadão, tem a não muito comum alcunha "um dos maiores cartunistas brasileiros" e satirizava os militares em plena ditadura? Inédito na TV aberta -já passou na rede SescSenac-, o documentário "Henfil em Profissão Cartunista" (2002), que a Cultura exibe no sábado, tenta resumir, em uma hora, a trajetória de Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988).
Criador de personagens que entrariam para o imaginário brasileiro como Graúna, Fradinhos e Ubaldo, o Paranóico, Henfil teve uma história que trafegava com facilidade entre a comédia mais escrachada e insana, o drama rasgado e uma utópica luta política.
Para abarcar tantas saídas possíveis, a diretora, Marisa Furtado de Oliveira, opta pelo caminho da sobriedade ao exibir entrevistas de arquivo com o próprio cartunista e figuras que, de alguma forma, foram ligadas a ele, como Ziraldo, Laerte, Will Eisner (que relembra a rápida e polêmica passagem do "antiamericano" Henfil pelos jornais americanos), Zuenir Ventura, Zico, entre outros. Graúna, considerada a personagem que mais representava Henfil, aparece em versão animada.
Do lado humorístico, pode-se verificar que os passos politicamente incorretos de seus personagens ainda podem chocar. As lágrimas ameaçam surgir quando relembra-se a debilitada saúde do cartunista: hemofílico, contrairia o HIV em uma transfusão de sangue, sendo uma das primeiras vítimas públicas da Aids. Completam o tripé seu envolvimento com o PT e o movimento operário durante os anos 70.


HENFIL EM PROFISSÃO CARTUNISTA. Quando: sábado (1º/2) às 21h, na TV Cultura.


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