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ILUSTRADA
Perelmuter e Mario Queiroz fortaleceram looks para homens; cenas de "Celebridade" alvoroçaram a Forum
Masculino cresce no segundo dia da SPFW
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
O segundo dia da São Paulo Fashion Week teve como marca o
circo armado pela Forum ao combinar a gravação do capítulo da
novela "Celebridade" com a foto
de sua campanha. Misturou ficção com realidade, tendo lado a
lado personagens, mídia e fashionistas típicos da primeira fila.
A ação de marketing e o furor
da mídia foram tão fortes (incentivados pelo diretor Dennis Carvalho, orquestrando a cena toda),
que chegaram a distrair a atenção
da coleção da marca, ultrafeminina, com muitos vestidos esvoaçantes e um perfume anos 20, ao
som de Bebel Gilberto.
Foi um bom dia para o masculino brasileiro. Maxime Perelmuter
para sua grife, British Colony, esbanjou conhecimento de moda,
numa coleção acessível, comercial
e ao mesmo tempo cheia de personalidade. Batizada "O Não Rótulo e Seus Ecos", a coleção se
exercita na alfaiataria, no esportivo, na roupa antichuva, no western, no romântico e até no religioso, com uma série de camisetas aludindo a Nossa Senhora de
Fátima; a camiseta com que o estilista entrou na passarela perguntava: "God, Are You There?".
"De um tempo para cá, tenho
começado a prestar atenção em
práticas alternativas de energia.
Acredito na proteção. Respeito
todas as religiões, esse questionamento (da camiseta) é algo que
todo mundo tem", disse o estilista, que é judeu, depois do desfile.
Mario Queiroz, também no
masculino, avançou em seu produto, enxugando a silhueta e consertando muitos dos problemas
de coleções anteriores. Usou como tema a imagem de um homem romântico, que sofre por
amor -e os modelos entravam
na passarela chorando (o próprio
estilista entrou chorando, ao final,
numa dessas curiosas ironias da
moda). Uma cartela sóbria, de
cinzas, vinhos e pretos, num estilo
romântico-urbano bastante atual.
No início do dia, Gloria Coelho
começou os trabalhos na Bienal
(o primeiro do dia foi a Cori, desenhada por Alexandre Herchcovitch). Foi um
bom desfile, em que a estilista
desdobra o camuflado em diferentes idéias, em preto, cinza, azul
e depois em branco, numa coleção que traz as características do
estilo de Gloria Coelho, interpretadas de modo contemporâneo,
comercial e desejável. Em clima
quase militarista e austero, as modelos encarnavam um exército
fashion e verdadeiro, em que tiras
desenham calças enxutas e mantôs de lã fecham o corpo, com
proporção atual e autoral, como
visto em Carol Trentine, com o
uso das peles que toma conta do
final do desfile, com momentos
brancos quase pacifistas.
A Patachou se inspirou no tema
Jockey Clube, como Renato Loureiro no primeiro dia, mas, aqui,
em malha e tricô, surpreendentes,
como no ótimo look de abertura
em Isabelli Fontana. Saindo da assepsia gelada de sua última coleção de verão, toda branca e off-white, a estilista mineira Therezinha Santos se rende aos encantos
deste inverno 2004 multicolorido
e fragmenta sua silhueta, conseguindo resultados joviais e divertidos. Uma edição de moda com
várias écharpes de lã, muitas perneiras e leggings, num megamix
de listras. Até aí estava bom. O
desfile complica quando a cartela
de cor escurece, e os brilhos nas
sainhas não surtem tão bom resultado, como as sobreposições.
Mas certamente a consumidora
da marca vai se encontrar na loja.
A Ellus encerrou o desfile com
uma coleção bem misturada, com
hippie, rock, western, biquíni, casaco. Tão misturado que confundiu. Os principais acertos ficam
por conta do estilo roqueira, que a
marca sabe fazer muito bem, e todo o tratamento no jeans, outro
forte da grife, que não apareceu,
por exemplo, na Forum -outro
ícone do jeanswear brasileiro.
Veja mais fotos dos desfiles na Folha
Online (www.folha.com.br/040271)
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