|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ira da censura de 73 caiu sobre Chico
DA REPORTAGEM LOCAL
Ironia histórica, cabeças decepadas, ânus e genitálias tiveram
em 73 melhor sorte que o "Calabar", de Chico Buarque. Ilustrada
por um muro pichado meramente
com a palavra-título do disco (e peça de teatro), a capa foi proibida e
substituída por
uma singela foto
do cantor.
O título "Calabar" também foi para a guilhotina, e o LP foi rebatizado como
"Chico Canta". Era o suficiente?
Não, a peça teatral, escrita por
Chico com Ruy Guerra em torno
das invasões holandesas no Brasil
colonial, foi interditada antes de
estrear.
Já chega? Que nada, a censura
devastou o próprio conteúdo do
disco que continha a trilha sonora, vetando letras inteiras e trechos de letras. "Ana de Amsterdã"
e "Vence na Vida Quem Diz Sim"
entraram em versões instrumentais compulsórias.
Em "Fado Tropical", a referência à sífilis foi apagada da gravação, sendo substituída por alguns segundos de silêncio na frase tornada incompreensível "além da
(...), é claro". "Bárbara" teve a última palavra do verso "e
mergulhar no poço
escuro de nós duas"
substituída por aplausos alienígenas. O objetivo era afogar a insinuação lésbica entre as personagens Bárbara e Ana de Amsterdã.
De volta à capa, o muro pichado
de "Calabar" ofendeu mais que
falsos olhos, cabeças decepadas e
tangas microscópicas. Como era
de esperar, a capa de "Calabar"
não recebeu nenhuma menção na
enquete.
(LR e PAS)
Veja as capas mais votadas
Veja as capas citadas
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Que pergunta legal!!! Índice
|