São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2001

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Ira da censura de 73 caiu sobre Chico

DA REPORTAGEM LOCAL

Ironia histórica, cabeças decepadas, ânus e genitálias tiveram em 73 melhor sorte que o "Calabar", de Chico Buarque. Ilustrada por um muro pichado meramente com a palavra-título do disco (e peça de teatro), a capa foi proibida e substituída por uma singela foto do cantor.
O título "Calabar" também foi para a guilhotina, e o LP foi rebatizado como "Chico Canta". Era o suficiente? Não, a peça teatral, escrita por Chico com Ruy Guerra em torno das invasões holandesas no Brasil colonial, foi interditada antes de estrear.
Já chega? Que nada, a censura devastou o próprio conteúdo do disco que continha a trilha sonora, vetando letras inteiras e trechos de letras. "Ana de Amsterdã" e "Vence na Vida Quem Diz Sim" entraram em versões instrumentais compulsórias.
Em "Fado Tropical", a referência à sífilis foi apagada da gravação, sendo substituída por alguns segundos de silêncio na frase tornada incompreensível "além da (...), é claro". "Bárbara" teve a última palavra do verso "e mergulhar no poço escuro de nós duas" substituída por aplausos alienígenas. O objetivo era afogar a insinuação lésbica entre as personagens Bárbara e Ana de Amsterdã.
De volta à capa, o muro pichado de "Calabar" ofendeu mais que falsos olhos, cabeças decepadas e tangas microscópicas. Como era de esperar, a capa de "Calabar" não recebeu nenhuma menção na enquete.
(LR e PAS)

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