São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2001

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10º FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA

POLÍTICA CULTURAL

Cássio Chamecki e Leandro Knopfholz pediram afastamento da empresa que organiza evento teatral

Sócios exercem cargo público no Paraná

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Dois dos três sócios da Calvin Entretenimento, empresa responsável pela organização do Festival de Teatro de Curitiba (FTC), afastaram-se dos negócios, este ano, para exercer cargo público na Fundação Cultural de Curitiba.
Cássio Chamecki, 30, diretor administrativo e financeiro do festival, assumiu em janeiro a presidência da Fundação Cultural de Curitiba, que equivale à Secretaria Municipal de Cultura.
Chamecki foi convidado pelo prefeito Cassio Taniguchi (PFL). Levou consigo o diretor-artístico do FTC, Leandro Knopfholz, 27, que ocupa cargo similar no órgão. Na edição do ano passado, ambos já haviam delegado suas atribuições ao diretor-geral do festival, Victor Aronis, 39, único idealizador que segue à frente do evento anual, lançado em 1992.
A Fundação Cultural destina verba de R$ 300 mil para o festival, cuja edição deste ano, a décima, está orçada em R$ 1,5 milhão (boa parte da soma é captada junto à iniciativa privada, por meio de leis de incentivo, leia-se o não-recolhimento de impostos aos cofres públicos, revertidos para projetos culturais).
Segundo Chamecki, a verba da prefeitura, prevista no orçamento elaborado na gestão anterior, é repassada há oito anos. Chegou a R$ 350 mil em algumas edições. Ele afirma que é "coerente" o fato de assumir a presidência da fundação que patrocina a empresa da qual é sócio afastado.
"Tanto eu quanto o prefeito sabemos que isso foi feito às claras, nunca houve beneficiamento. Se houvesse irregularidade entre a Calvin e a fundação, eu jamais aceitaria o cargo", diz Chamecki.
Ele pediu afastamento da empresa por quatro anos, período previsto para a gestão de Taniguchi. Chamecki afirma que seria "demagogia barata" dizer que não mantém contato com Aronis por conta do FTC.
"Assumi a fundação, pedi afastamento, mas não transferi minha parte da sociedade na Calvin para minha mulher, primo ou algum "laranja", como muitos fazem."
Segundo Knopfholz, a transição para a fundação "foi feita da forma mais transparente possível". Na sua opinião, Chamecki foi convidado para o cargo por causa da experiência do FTC.
Quando os três sócios lançaram o festival, em 1992, como "principal vitrine do teatro nacional", a empresa era então denominada Arte de Fato. Em 1995, dois sócios romperam, e a empresa passou a se chamar Calvin Entretenimento, nome fantasia da Esquina do Ingresso Agência de Promoções de Eventos Ltda., formada por Aronis, Chamecki e Knopfholz.
Com essa nova configuração, a Calvin começou a produzir outros eventos, inclusive fora de Curitiba, como o Festival de Dança de Joinville (SC).
Em 1996, os três empresários criaram a Associação para o Incentivo à Cultura e ao Entretenimento (Apice), que capta apoio de empresas privadas, sobretudo via Lei Rouanet (renúncia fiscal).


O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do FTC


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