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10º FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA
POLÍTICA CULTURAL
Cássio Chamecki e Leandro Knopfholz pediram afastamento da empresa que organiza evento teatral
Sócios exercem cargo público no Paraná
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Dois dos três sócios da Calvin
Entretenimento, empresa responsável pela organização do Festival de Teatro de Curitiba (FTC),
afastaram-se dos negócios, este
ano, para exercer cargo público
na Fundação Cultural de Curitiba.
Cássio Chamecki, 30, diretor
administrativo e financeiro do
festival, assumiu em janeiro a presidência da Fundação Cultural de
Curitiba, que equivale à Secretaria
Municipal de Cultura.
Chamecki foi convidado pelo
prefeito Cassio Taniguchi (PFL).
Levou consigo o diretor-artístico
do FTC, Leandro Knopfholz, 27,
que ocupa cargo similar no órgão.
Na edição do ano passado, ambos
já haviam delegado suas atribuições ao diretor-geral do festival,
Victor Aronis, 39, único idealizador que segue à frente do evento
anual, lançado em 1992.
A Fundação Cultural destina
verba de R$ 300 mil para o festival, cuja edição deste ano, a décima, está orçada em R$ 1,5 milhão
(boa parte da soma é captada junto à iniciativa privada, por meio
de leis de incentivo, leia-se o não-recolhimento de impostos aos cofres públicos, revertidos para projetos culturais).
Segundo Chamecki, a verba da
prefeitura, prevista no orçamento
elaborado na gestão anterior, é repassada há oito anos. Chegou a
R$ 350 mil em algumas edições.
Ele afirma que é "coerente" o fato
de assumir a presidência da fundação que patrocina a empresa da
qual é sócio afastado.
"Tanto eu quanto o prefeito sabemos que isso foi feito às claras,
nunca houve beneficiamento. Se
houvesse irregularidade entre a
Calvin e a fundação, eu jamais
aceitaria o cargo", diz Chamecki.
Ele pediu afastamento da empresa por quatro anos, período
previsto para a gestão de Taniguchi. Chamecki afirma que seria
"demagogia barata" dizer que
não mantém contato com Aronis
por conta do FTC.
"Assumi a fundação, pedi afastamento, mas não transferi minha
parte da sociedade na Calvin para
minha mulher, primo ou algum
"laranja", como muitos fazem."
Segundo Knopfholz, a transição
para a fundação "foi feita da forma mais transparente possível".
Na sua opinião, Chamecki foi
convidado para o cargo por causa
da experiência do FTC.
Quando os três sócios lançaram
o festival, em 1992, como "principal vitrine do teatro nacional", a
empresa era então denominada
Arte de Fato. Em 1995, dois sócios
romperam, e a empresa passou a
se chamar Calvin Entretenimento, nome fantasia da Esquina do
Ingresso Agência de Promoções
de Eventos Ltda., formada por
Aronis, Chamecki e Knopfholz.
Com essa nova configuração, a
Calvin começou a produzir outros eventos, inclusive fora de Curitiba, como o Festival de Dança
de Joinville (SC).
Em 1996, os três empresários
criaram a Associação para o Incentivo à Cultura e ao Entretenimento (Apice), que capta apoio
de empresas privadas, sobretudo
via Lei Rouanet (renúncia fiscal).
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do FTC
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