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Sob o monte
de escombros
HELOISA SEIXAS
A draga crava nos escombros suas garras de ferro.
Num gesto agressivo, rasga
o monte de terra, pedras,
cimento desfeito, metais
retorcidos. E ergue-se trazendo seu trunfo, que despeja mais adiante. Ali, os
moradores que perderam
tudo no prédio desabado
irão procurar suas vidas,
seu passado. E é ali, no primeiro garimpo, que alguém vê a caixa. Com cuidado, ela é aberta. Dentro,
intactos, estão seis copos de
cristal, que toneladas de escombros não foram capazes de trincar. Alguém que
estava por perto olhou
aquele cristal e pensou: parece a esperança do brasileiro.
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