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Documentário foge de saudosismo
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
O média-metragem "Geraldo
Filme", de Carlos Cortez, que abre
hoje em São Paulo o Festival Internacional de Documentários "É
Tudo Verdade", é um filme que se
coloca reverentemente a serviço
de seu objeto.
Sua proposta é a de oferecer o
máximo de informação sobre Filme e sua importância na história
do samba em São Paulo. Não faz
isso de maneira fria e professoral,
mas tendo em vista o drama e a
grandeza humana do personagem.
Entrelaçando imagens de arquivo -do próprio Geraldo, de carnavais antigos etc.- e depoimentos de quem conheceu o compositor, o filme é emocionante sem
deixar de ser informativo.
Graças às explicações de pesquisadores e velhos sambistas, acompanhamos toda a gênese do samba
paulistano, começando nas festas
de Pirapora do Bom Jesus, passando pelo jogo de tiririca e chegando
às escolas de samba -para as
quais Filme foi fundamental.
Velhos companheiros, como
Toniquinho Batuqueiro, Oswaldinho da Cuíca e Plínio Marcos,
contam episódios cômicos e comoventes da vida de Geraldo e de
outros sambistas da pesada, como
o chefe de bateria Pato N'Água,
morto pelo esquadrão da morte
em 1967.
É todo um universo popular praticamente desconhecido pela classe média branca que se descortina
ao longo do filme.
A trajetória do samba paulista é
a história de uma vitória e, ao mesmo tempo, de uma derrota.
Vitória porque, contra a truculência da polícia e o preconceito
das elites, o samba acabou vingando e se espalhando pela cidade.
Derrota porque, nesse processo,
perdeu muito de sua originalidade, amoldando-se ao padrão carioca.
Não é um filme saudosista. A
canção que o abre e fecha é do
"discípulo" Itamar Assunção, a
mostrar que a música de Geraldo
Filme tinha um pé no futuro.
Filme: Geraldo Filme
Direção: Carlos Cortez
Onde: hoje, no CineSesc (r. Augusta, 2.075,
Jardim Paulista, tel. 011/282-0213);
amanhã, no MIS (av. Europa, 158, Jardim
Europa, tel. 011/280-0896)
Quando: hoje, às 19h, e amanhã, às 19h
Quanto: entrada franca
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