São Paulo, quarta, 30 de abril de 1997.

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`Casa da Bossa' promove mix de gerações

LUIZ ANTÔNIO RYFF
do enviado especial ao Rio

Depois do sucesso da ``Casa de Samba'', que vendeu quase 200 mil cópias juntando sambistas em duetos com músicos de outros gêneros, a PolyGram resolveu investir no formato.
No mês passado, a gravadora produziu o ``Casa de Samba 2'', que deve ser lançado nesta semana, e, anteontem e ontem, gravou a ``Casa da Bossa''. E estão agendados, ainda para 1997, a ``Casa da Seresta'' e a ``Casa do Rock''.
Na gravação de anteontem, sete duetos unindo músicos ligados à bossa nova e adeptos de outros gêneros fizeram o show.
O trompetista Márcio Montarroyos se juntou ao Zimbo Trio em ``Nana'', Claudete Soares e Guilherme Arantes cantaram ``Samba em Prelúdio'', Wanda de Sá e Zé Renato dividiram ``Desafinado'' e ``Samba da Pergunta'' e Frejat interpretou ``Chega de Saudade'' com o Quarteto em Cy.
Nana Caymmi e Erasmo Carlos dividiram o copo de uísque e o microfone em ``Este Seu Olhar'' e ``Só em Teus Braços'', Alaíde Costa e Joyce apresentaram ``Primavera'' e ``Sabe Você'', enquanto Marcos Valle mostrou ``Samba de Verão'' -parceria com o irmão Paulo Sérgio- com Patrícia Marx.
Ontem estavam previstas as participações de Wilson Simonal e Sandra de Sá (``Lobo Bobo''), Leny Andrade e Emílio Santiago (``Tristeza de Nós Dois'', ``Estamos Aí'' e ``Batida Diferente''), Pery Ribeiro e Rosana (``O Barquinho'', ``Vagamente'' e ``Você''), Sílvio César e Elba Ramalho (``Pra Você''), Dóris Monteiro e Léo Jaime (``Mocinho Bonito'', ``Você e Eu'' e ``Fotografia'').
Além deles, também se apresentariam Os Cariocas e Itamara Koorax (``Corcovado'' e ``Rio'') e Johnny Alf e Fafá de Belém (``Ilusão à Toa'') e Tito Madi e Cláudia Teles (``Balanço Zona Sul'').
Na segunda-feira, foram necessárias mais de seis horas para as gravações dos sete duetos. Disperso, o público de convidados recebeu puxões de orelha dos músicos.
``Às vezes está meio chato para vocês. Para a gente, também está'', disse César Camargo Mariano, o arranjador da noite, ainda na primeira hora de show.
Vários duetos tiveram que ser repetidos. A bela interpretação de Nana e Erasmo teve que ser refeita, apesar dos resmungos da cantora ``Sacanagem. Abusam da gente. Eu tinha certeza que estava lindo. Odeio essa gente'', reclamava Nana, enquanto Erasmo, solidário, retorquia, segurando o copo de uísque da amiga: ``É o sindicato que não funciona''.
Mas os campeões nesse quesito -repetição de takes- foram Wanda Sá e Zé Renato, que cantaram sete vezes. O troféu do aplauso, contudo, foi para Alaíde Costa.
No mais, Frejat deu conta do recado -levando em consideração que poucas músicas são menos roqueiras que ``Chega de Saudade''- e Patrícia Marx comprovou que sabe cantar e desperdiça sua bela voz com repertórios medíocres.
Na platéia, Wilson Simonal observava tudo e aprovava a junção de músicos novos com os ``da antiga''. ``Nós não temos preconceito contra ninguém'', disse, sem definir o ``nós''.
E dava sua definição de bossa nova: ``É música harmonicamente bem feita, musicalmente bem tocada e poeticamente bem escrita''.


O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da gravadora PolyGram
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