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"Dou crédito às crianças", diz "pai" das Superpoderosas
CLÁUDIA CROITOR
DA REDAÇÃO
Como pai de três menininhas
que ainda frequentam o jardim-de-infância, Craig McCracken diz
aprovar o Cartoon Network, o
principal canal de desenhos da
TV paga no país.
Mas não necessariamente pelo
conteúdo do canal, já que ele é
suspeito para falar disso, e suas filhas não são propriamente telespectadoras do Cartoon.
Para McCracken, o criador de
"As Meninas Superpoderosas"
-um dos principais desenhos do
canal, febre mundial e símbolo feminista entre garotas de várias
idades-, o grande mérito do
Cartoon é chegar "perto do que
foi a época de ouro dos desenhos,
nos anos 40", por permitir uma
produção mais "autoral".
McCracken conversou com a
Folha, por telefone, por ocasião
do aniversário do Cartoon -o
canal, o mais visto da TV paga,
quase não é mais criança: completa hoje dez anos no Brasil.
Folha - Como o sr. avalia o Cartoon Network, de cuja programação faz parte?
Craig McCracken - O principal
feito do canal foi pôr muito mais
controle nas mãos do criador de
cada desenho. Os desenhos produzidos aqui são mais autorais,
não são feitos em uma linha de
produção. É uma idéia que alguém tem e executa. Estamos perto do que foi a época de ouro dos
desenhos, nos anos 40, ao menos
na maneira como produzimos.
Folha - Esse é um canal para
crianças, mas desenhos como "As
Meninas Superpoderosas" costumam ter entre seus fãs muitos
adultos. Como o sr. faz para atingir
esses públicos diferentes?
McCracken - Basicamente, dou
às crianças mais crédito do que
muitas outras pessoas dão. Acho
que as crianças são espertas e entendem as coisas. Então, se temos
bons personagens e boas histórias, se o humor é sincero, dá para
falar com todo mundo.
Folha - De onde veio a inspiração
para criar as meninas?
McCracken - Inventei o desenho
quando tinha uns 20 anos, na faculdade. Um dia, no segundo ano
da faculdade de cinema, tive de
criar uma sátira de super-heróis,
que eu adoro. E aconteceu de desenhar essas três menininhas.
Folha - O sr. previa que o desenho
iria ficar popular a ponto de virar
uma espécie de símbolo feminista?
McCracken - Acho isso fantástico. Adoro o fato de meninas terem criado essa identidade com o
desenho, sentindo-se "poderosas", tendo as "Superpoderosas"
como uma espécie de modelo. E o
legal é que isso não foi intencional, nunca foi o objetivo. Sempre
achei, aliás, que a idéia de menininhas com superpoderes, derrotando monstros, era meio estranha para o grande público.
Folha - O sr. está trabalhando em
algum novo projeto?
McCracken - Estou começando
um novo desenho, chamado
"Foster Home for Imaginary
Friends" [Abrigo para Amigos
Imaginários]. Sabe aqueles amigos imaginários que as crianças
têm, mas depois de uma certa idade se esquecem deles? A pergunta
é: para onde eles vão? A idéia é
que há um abrigo, onde eles vão
viver depois que as crianças crescem e enquanto esperam serem
adotados por uma nova criança.
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