São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra tem recorde de público, com 580 mil visitantes; fundação projeta mais de 650 mil até domingo

Bratke desiste da 26ª Bienal e apóia Costa

Ormuzd Alves/Folha Imagem
Visitantes observam "Cárcere de Ilusões", de Raquel Schwartz, escolhida a preferida pelo público; pantufas da obra foram roubadas


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera da abertura da 25ª Bienal de São Paulo, o presidente da fundação, Carlos Bratke, anunciou que iria se candidatar novamente ao cargo, e pretendia manter o curador alemão Alfons Hug e o brasileiro Agnaldo Farias em suas funções.
Na véspera do encerramento do evento, sucesso de público, que termina no domingo, Bratke desiste e apóia o empresário Manoel Pires da Costa, ex-presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e diretor do Masp-Centro, para o cargo. "Tive um surto de euforia, mas por motivos profissionais não posso me ocupar novamente de uma Bienal, é muito trabalho; por outro lado, o Manoel já manifestou seu desejo em ocupar o cargo", afirma Bratke.
O novo candidato, que está em Paris e não foi localizado pela Folha, já tem apoio de membros influentes no conselho da fundação, entre eles dois ex-presidentes da Bienal: Julio Landmann (24ª Bienal) e Edemar Cid Ferreira (22ª e 23ª).
"A indicação de Manoel já é um fato consagrado; Bratke foi escolhido para se empenhar especialmente na Bienal de Arquitetura e deve continuar atuando nessa área", diz Landmann. Ferreira concorda: "O Manoel tem experiência em grandes iniciativas e é um conselheiro dedicado".
Segundo o estatuto da Bienal, terminado o evento, há um prazo de dois meses para a eleição do novo presidente. "Já tenho agendada uma reunião de diretoria para o próximo dia 10, quando será decidido o cronograma das eleições", afirma Bratke.
Outros candidatos, mesmo fora do conselho da Bienal, podem se apresentar. No entanto, atualmente a instituição vive uma fase de consenso, após a renúncia de seis conselheiros, liderados por Milú Villela, em julho de 2000, e a eleição de Pires da Costa é dada como segura. Caberá a ele escolher o curador da 26ª Bienal, que dever ser realizada em 2004.

Público
Até sexta-feira passada, 580 mil pessoas já tinham visitado a mostra. Um marco que supera o recorde que até então pertencia à 22ª Bienal, em 1994, com um público de 500 mil visitantes. De acordo com média diária de visitantes, de 8.500 pessoas, a Fundação Bienal projeta que até o domingo o total chegue a mais de 650 mil visitantes. "Esse número expressivo mostra que derrubou-se o mito de que o público era atraído pelo núcleo histórico; hoje os museus cumprem essa função, e a Bienal pôde assumir seu caráter contemporâneo", diz Bratke.
Do total de visitantes projetados, cerca de 300 mil compareceram espontaneamente ao evento. Por um acordo com a Secretaria de Estado da Educação, 220 mil estudantes do 2º grau foram levados à mostra. Outros 130 mil de escolas particulares também entraram gratuitamente.

Verbas públicas
Além do número positivo na visitação, Bratke também afirma que a Bienal será encerrada sem dívidas, graças ao forte apoio público ao evento: de verbas governamentais a Bienal obteve R$ 11,5 milhões. "Foi difícil a captação com a iniciativa privada, especialmente por causa do apagão, mas mesmo assim conseguimos cerca de R$ 2,5 milhões", diz Bratke.
Das verbas públicas, a maior parte veio do governo federal, com R$ 9 milhões, sendo que R$ 3 milhões estão ainda por ser liberados. A Prefeitura de São Paulo comprometeu-se com R$ 1,5 milhão, também ainda não liberada, e o governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação, com R$ 1 milhão, para a visitação da escola. Com a verba obtida na bilheteria, de cerca de R$ 2 milhões, a Fundação Bienal chegará a ter recebido R$ 16 milhões.
A prometida gratuidade da mostra acabou acontecendo apenas em alguns dias. "O dinheiro de bilheteria é importante para que possamos pagar empréstimos antecipados, o que não poderia ser realizado com dinheiro do governo", afirma Bratke.
A última tarefa de Bratke enquanto presidente é organizar a participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza, que é inaugurada no próximo dia 7 de setembro e tem como tema "Next" (próximo). Os curadores já foram escolhidos, são Elisabete França, ex-secretária de Habitação do governo Celso Pitta, e Glória Bayeux. "Já apresentamos lá os arquitetos mais significativos do país, iremos agora expor projetos sociais de habitação", diz Bratke.


25ª BIENAL DE SÃO PAULO
- www.bienalsaopaulo.org.br. Pavilhão da Bienal (av. Pedro Álvares Cabral, portão 3, Ibirapuera, tel. 0/xx/ 11/5574-5922, r. 264). Até dom., das 9h às 22h. Ingr.: R$ 12 (grátis para menores de seis e maiores de 65 anos).




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