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MÚSICA/LANÇAMENTO
Trio Morcheeba tenta encontrar caminho pós-sucesso
Na trilha do crepúsculo
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Sobreviver ao hype não é fácil.
Referência nos aparelhos de som
em 1995, quando o universo pop
respirava o denso e climático trip
hop, os ingleses do Morcheeba
freiam para olhar os oito anos
passados e, assim, se adaptarem a
um mundo em que as luzes estão
distantes de onde a banda se situa.
Depois do entusiasmo gerado
pelo disco de estréia, "Who Can
You Trust", o trio tentou se firmar
no cenário musical, tateou novos
caminhos, mas a badalação foi
embora.
"Eu acho tudo isso ótimo, já que
o hype é apenas um grupo de pessoas que decide levar sua música
lá para o alto. Agora há outras
bandas que eles podem incensar,
e isso tira a pressão sobre nós",
desdenha o músico Ross Godfrey
à Folha, de Londres.
Os anos de "queridinhos", no
entanto, parecem ter sido suficientes para que Godfrey, seu irmão Paul e a vocalista Skye Edwards concordassem em lançar
em julho próximo a coletânea
"Parts of the Process", baseada
nos quatro registros já lançados.
"Na verdade, foi idéia da gravadora. Além dos sucessos óbvios,
batalhamos para que músicas como "What New York Couples
Fight about" [composta com Kurt
Wagner, do Lambchop] estivessem no disco, porque acredito
que é uma das melhores coisas
que já escrevemos."
Entre os "sucessos óbvios" está
"Rome Wasn't Built in a Day"
-fundo musical dos momentos
"alegres" da novela "Laços de Família"-, guinada do grupo em
direção a terrenos menos sombrios, e que também fez surgirem
os primeiros narizes torcidos de
crítica e público.
Para divulgar "Rome" e o disco
"Fragments of Freedom", o Morcheeba veio em 2000 a São Paulo e
se deparou com um cenário diferente da paisagem idílica que havia pintado do Brasil. A decepção
foi expressa na canção "São Paulo", em que a capital paulista é vista como um "pesadelo" e chamada de "mancha no passaporte".
"Acho que vai ser engraçado tocar esta música aí. Só não tenho
certeza se o público vai achar a
mesma coisa", desconfia Godfrey.
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