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"PAULA LIMA"
Delicadeza vocal é a nova descoberta
DA REPORTAGEM LOCAL
"Paula Lima", segundo álbum solo da ex-crooner da
banda Funk como le Gusta, é momento de choque para sua autora.
Há dois anos ela ganhou vôo autônomo com "É Isso Aí!" (pela independente Regata), em que
equacionava o peso histórico de
soul, funk e samba-rock com humores de nova geração de canto,
composição e produção.
Hoje, ainda reserva grande espaço ao sangue novo (a banda resiste, Seu Jorge entrega "Gafieira
S.A.", aparece o bom autor Eugênio Dale), mas ao mesmo tempo
se verga ao tacão da velha guarda.
Guto Graça Mello estabelece
produção competente e concisa
-mas às vezes passadista. Nos
piores momentos, submete Lima
à cafonice datada de versões em
português para standards óbvios
de Burt Bacharach e Glenn Miller.
Outro veterano age em sentido
diverso. Lincoln Olivetti, mago
dos teclados dos 80 depois caído
em desuso, brilha nas releituras
de "Estou Livre" e "Foi para o Seu
Bem", ambas de sua co-autoria.
Surpresa é "Foi para o Seu
Bem", lançada efusivamente por
Tim Maia em 79. Lima, mais afeita ao expressionismo vocal, transforma-a em pérola de suavidade,
invertendo sentidos para o ex-funk e para si. O mesmo ocorre
em "Valerá a Pena", de Dorival
Caymmi, o instante inesperado
do repertório. Revelação é a compatibilidade entre Caymmi e samba-soul, entre Lima e delicadeza.
Interessam à composição do futuro, mais que regravar de novo
"Meu Guarda-Chuva" (de Jorge
Ben), as faixas dos novos, a atuação de sua banda.
Ela tem 32, e o futuro promete
bem mais do que já houve até
aqui. Desde que saiba e consiga
equacionar a turma antiga da
Universal com sua própria, novinha em folha e ainda sem muito
espaço nas paradas de sucesso.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Paula Lima
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média
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